O ator José de Abreu, que nunca perde uma chance de cutucar quem cai no noticiário, voltou a movimentar as redes sociais nesta quarta-feira (26). A bola da vez foi a notícia de que Jair Bolsonaro estaria cogitando recorrer à Comissão de Direitos Humanos da ONU para tentar reverter sua condenação relacionada à participação no golpe de Estado. Sim, justamente a ONU, aquela mesma que o ex-presidente já tratou com certo desprezo no passado — e isso, claro, não passou em branco para Abreu.
O artista, sempre muito ativo no X (antigo Twitter) e no Instagram, publicou uma imagem que resgatava um momento bem conhecido: Bolsonaro usando uma camiseta com os dizeres “Direitos Humanos: esterco da vagabundagem”. Uma cena que, por si só, já fala mais alto do que qualquer texto inflamado. E José de Abreu aproveitou o momento para soltar sua ironia habitual, que muita gente ama e outros tantos detestam, mas que sempre rende comentários.
Vale lembrar que desde setembro a defesa do ex-presidente já vinha sinalizando que poderia, sim, buscar apoio em instâncias internacionais. A estratégia seria uma forma de tentar garantir que Bolsonaro pudesse cumprir a pena em regime domiciliar — algo que não agradou a grandes setores da opinião pública, especialmente após a sentença pesada: 27 anos e 3 meses de prisão. Com o encerramento do processo no STF e o trânsito em julgado já batendo à porta, a possibilidade de transferência para um presídio de regime fechado ficou cada vez mais palpável. No noticiário político, já se fala disso quase diariamente, como se fosse um daqueles capítulos inevitáveis das novelas das 21h.
No meio desse clima tenso, Abreu decidiu reforçar a lembrança. Ao comentar sobre a ideia de Bolsonaro recorrer à ONU, o ator escreveu:
“Bolsonaro vai recorrer à Comissão de Direitos Humanos da ONU. Eu conto ou vocês contam?”
A frase, curta e debochada, viralizou rapidamente, gerando milhares de reações — algumas celebrando a ironia, outras acusando o ator de exagero, o que também já virou rotina nesse tipo de debate. Para completar o pacote, Abreu ainda colocou como trilha sonora do post a música “Verdadeiro Canalha”, do eterno Bezerra da Silva, um nome que dispensa apresentações quando o assunto é crítica social embalada em samba e malandragem.
A publicação serviu para reacender o debate sobre as contradições do ex-presidente, que antes desprezava organismos internacionais e agora busca apoio neles como última cartada. A situação acabou lembrando outros momentos recentes da política brasileira, em que certas figuras mudaram de discurso conforme a maré virou — algo que acompanha a política nacional desde muito antes das redes sociais terem se tornado esse caos absoluto onde todo mundo vira comentarista.
O caso também trouxe à tona velhas discussões sobre o papel dos Direitos Humanos no Brasil. Há quem ainda trate o tema com desdém, muito influenciado por discursos inflamados de anos atrás, mas a verdade é que esse mesmo sistema jurídico e humanitário acaba sendo acionado até pelos críticos mais ferrenhos quando a corda aperta. Bolsonaro, que já chegou a ironizar esses mecanismos, agora tenta neles um último fôlego.
José de Abreu, por sua vez, segue fazendo o que faz desde sempre: comentando, provocando, cutucando e trazendo à superfície as contradições que muitos preferem varrer pra debaixo do tapete. No fim das contas, sua publicação não foi apenas uma piada — foi um retrato bastante direto desse momento curioso (e meio surreal) da política brasileira, onde até os antigos adversários das instituições passam a enxergá-las como uma tábua de salvação.