Autor da facada no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Adélio Bispo, pode ser solto a qualquer momento

O caso de Adélio Bispo voltou a ganhar força nos últimos dias, e não é por acaso. O homem que esfaqueou o então candidato Jair Bolsonaro lá em 2018 passou por um novo exame psiquiátrico que deve definir se ele pode ou não voltar a viver em liberdade. A situação, que já era complicada, ficou ainda mais delicada agora com a cobrança pública por respostas — ainda mais depois das recentes discussões sobre segurança em presídios federais e decisões polêmicas no Judiciário que pipocaram nas últimas semanas.

Adélio está preso desde o episódio em Juiz de Fora, aquele ato de campanha que acabou virando um dos momentos mais marcantes da eleição. Desde então, ele permanece isolado no Presídio Federal de Campo Grande, longe de outros detentos e com acompanhamento constante. Apesar de tudo isso, tecnicamente ele não é considerado “condenado”, já que foi declarado inimputável — ou seja, sem plena capacidade mental para responder pelo crime como qualquer outra pessoa.

O novo laudo está sendo feito por um perito oficial que visitou o presídio recentemente. Esse profissional tem a missão de avaliar, com calma e sem prazo fixo, se Adélio mantém algum transtorno mental que possa justificar sua permanência sob medida de segurança. A demora, segundo fontes do próprio processo, se deve a um detalhe meio surreal: os laudos originais que embasaram a inimputabilidade dele não estão disponíveis hoje para consulta. Não sumiram, mas não foram digitalizados, justamente para evitar possíveis vazamentos.

Por isso, os peritos que estão conduzindo a nova análise têm usado trechos que aparecem na sentença de 2019 — basicamente, partes do laudo que foram citadas oficialmente na decisão judicial. É um quebra-cabeça montado com pedaços antigos, mas que precisam fazer sentido em 2025, quase sete anos depois do ataque.

E é agora que entra a parte mais sensível da avaliação. Como o Metrópoles já havia antecipado, os especialistas precisam responder três perguntas principais, que são praticamente o coração dessa história. São elas que vão dizer se Adélio pode ser solto, se continua oferecendo risco ou se deve permanecer exatamente onde está.

A primeira pergunta é direta: ele ainda apresenta algum tipo de transtorno mental que justifique manter a medida de segurança? Se sim, qual? Não adianta resposta vaga — precisa ser um diagnóstico claro, embasado, que explique por que ele deveria continuar internado.

A segunda questão é ainda mais pesada: hoje, Adélio é um risco para si ou para outras pessoas? Aqui, os peritos analisam comportamento, histórico recente, relatos de agentes e até sinais pequenos que o público nunca fica sabendo.

Só depois de responder isso é que vem a terceira: caso ele ainda seja considerado perigoso, em quanto tempo deve passar por um novo exame? Ou seja, não se trata apenas de dizer se ele vai sair ou ficar, mas de criar um tipo de calendário médico-jurídico para acompanhar a evolução dele.

Nos bastidores, a chance de soltura é tratada como remota. Não impossível, mas pouco provável. Ainda assim, cada nova informação sobre o caso gera tensão, debates e comparações com outras decisões recentes que dividiram opiniões no país.

O fato é que, goste-se ou não, o futuro de Adélio depende agora desse laudo — e ele pode mexer, mais uma vez, com o clima político e emocional que envolve o nome de Bolsonaro até hoje.



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