O Ministério Público Federal decidiu, enfim, colocar um ponto final naquela investigação que já se arrastava há anos sobre o acordo energético firmado entre Brasil e Paraguai na época do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Era um assunto que vivia ressurgindo nas redes, sempre acompanhado de especulações, principalmente nesses últimos tempos em que tudo vira motivo de disputa política. Mas, depois de revisar documentos, depoimentos, trocas de e-mails, registros internos e até notas técnicas esquecidas em anexos, o MPF concluiu que não há qualquer prova de corrupção no episódio.
Segundo o próprio órgão, e isso está no despacho oficial, não foram encontrados sinais de fraude, pagamentos suspeitos, tráfico de influência, vantagem indevida ou qualquer coisa que pudesse minimamente caracterizar crime contra a administração pública. Nada que justificasse continuar cavando. Uma das fontes internas descreveu o processo como “exaustivo”, daqueles que passam pente-fino até em detalhes que a maioria das pessoas nem repararia — tipo datas divergentes entre versões antigas de planilhas, ou os famosos carimbos que nunca batem. No fim das contas, nada disso apontou para qualquer ação irregular.
A avaliação técnica, que para muita gente é a parte mais chata e burocrática, acabou sendo decisiva. Os procuradores destacaram que nenhum elemento material indicava prática de corrupção durante as negociações do acordo energético. Não tinha gravação suspeita, não tinha movimentação financeira fora do padrão, não tinha relato de pressão indevida. Inclusive, alguns documentos só foram localizados porque o MPF pediu novamente ao Itamaraty, já que versões anteriores estavam incompletas — aquele típico caos burocrático que todo órgão público conhece bem.
Com tudo isso em mãos, a decisão foi pelo arquivamento definitivo do caso. O termo “definitivo” aqui é importante, porque significa que o processo investigativo, que já tinha sido revisado mais de uma vez, finalmente se encerra sem deixar pontas soltas. A conclusão oficial é de que não houve corrupção, nem ato ilegal praticado por membros do governo Bolsonaro nesse episódio específico envolvendo o acordo com o Paraguai.
A decisão, claro, não deve agradar todo mundo. Em um momento político tão polarizado como o atual — especialmente depois das recentes decisões do STF e das discussões que ainda dominam o noticiário sobre prisões e solturas de figuras importantes — qualquer movimento parecido vira munição para um lado ou para outro. Mas, olhando friamente, esse é um daqueles casos em que a papelada fala mais alto do que as narrativas.
O MPF deixou claro que foram anos de idas e vindas, reexames, pedidos de informações complementares e até mudança de equipes ao longo do processo. Um dos procuradores comentou, em off, que o volume de material reunido parecia “dossiê de novela”, tamanha a quantidade de anexos. Mas, mesmo com tudo isso, nenhuma prova de irregularidade apareceu.
O arquivamento, portanto, não só encerra as suspeitas como também confirma oficialmente a ausência de ilegalidades na condução do acordo energético entre Brasil e Paraguai. É curioso observar que, mesmo depois de tanta especulação, a conclusão acabou sendo quase anticlimática: não houve crime.
No fim das contas, a decisão do MPF funciona como um lembrete de que nem toda investigação longa termina em escândalo — por mais que parte do público espere isso. E, em tempos em que cada notícia vira combustível para discussões acaloradas no X (antigo Twitter), é quase raro ver um capítulo político fechar sem cliffhanger.