Vídeo: foragido, Ramagem desafia Moraes ao enviar pedido ousado

Condenado por envolvimento na tentativa de golpe de Estado, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) virou praticamente um personagem de filme político: está foragido nos Estados Unidos e, mesmo longe, continua cutucando o Supremo. Neste domingo (30/11), direto de algum canto da América — ele não disse exatamente de onde, mas provavelmente mantendo vida discreta —, Ramagem apareceu nas redes sociais para desafiar o ministro Alexandre de Moraes. Mandou um recado quase em tom de provocação: que Moraes envie logo o pedido de extradição para a Justiça norte-americana.

Segundo ele, se houver extradição, tudo terá que passar pela análise de “um juiz federal americano”, e aí, segundo sua versão, os EUA poderiam enxergar a situação brasileira como uma espécie de “juristocracia”. O deputado usou esse termo com clara intenção política, dizendo que os norte-americanos fariam uma “resposta enfática” sobre o que, na visão dele, seria uma ditadura disfarçada ou arbitrariedade que estaria dominando o Brasil. Foi um discurso inflamado, quase como se estivesse num palanque improvisado.

A prisão de Ramagem foi determinada por Moraes no dia 25/11. O deputado, apontado pelas investigações como parte do chamado “núcleo crucial” do plano golpista ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, recebeu pena de 16 anos de prisão. A informação que circula nos bastidores da Câmara é que ele teria viajado para os EUA em setembro, antes mesmo da fase final do julgamento no STF — movimento que agora soa, no mínimo, estratégico.

Na Câmara dos Deputados, Ramagem segue oficialmente de licença médica até 12 de dezembro, situação que virou alvo de comentários e ironias nas redes sociais, já que a licença continua ativa mesmo com o parlamentar considerado foragido. Moraes já comunicou o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), sobre a perda do mandato do deputado. Mas, no rito da Câmara, isso só se concretiza depois da deliberação da Mesa Diretora, o que ainda não aconteceu.

Outros bolsonaristas no exterior

Ramagem não é o único nome ligado ao bolsonarismo que está longe do Brasil. Carla Zambelli, deputada federal pelo PL de São Paulo, também está fora do país — no caso dela, não por escolha. Zambelli está presa na Itália desde que entrou na lista vermelha da Interpol, após ser condenada por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em um dos episódios mais comentados da política recente.

A audiência de extradição de Zambelli estava marcada para 27/11, mas acabou adiada para 5 de dezembro. Nos corredores de Brasília, já se comenta que, paralelamente ao processo internacional, a deputada deve receber nos próximos dias o parecer do relator da CCJ sobre sua cassação, o que pode acelerar ainda mais a queda dela do mandato, caso os parlamentares decidam acompanhar o entendimento do Supremo.

Outro personagem que permanece no exterior é Eduardo Bolsonaro. O terceiro filho do ex-presidente vive nos Estados Unidos desde fevereiro e já acumulou mais de 50 faltas injustificadas na Câmara — um número alto até para padrões brasileiros. Nesta semana, ele virou réu por coação, por supostamente ter atuado junto ao governo americano para pressionar pelas sanções aplicadas ao ministro Alexandre de Moraes. As sanções, que causaram enorme repercussão em Brasília, foram vistas como parte de um movimento coordenado pela ala mais radical dos aliados de Bolsonaro.

Apesar disso, Eduardo teria dito a aliados, quase como quem fala para reafirmar a própria força política, que vai “continuar trabalhando”. O curioso é que ninguém sabe exatamente em que ele estaria trabalhando — se na política externa improvisada, nas articulações da direita americana ou apenas na sua sobrevivência política.

A soma desses episódios mostra um cenário cada vez mais tenso: políticos brasileiros investigados ou condenados vivendo no exterior, extradições em disputa e o STF no centro do embate. Uma história que, ao que tudo indica, ainda está longe do capítulo final.

Confira:



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