Nos últimos dias, o país voltou a parar diante de uma notícia pesada, daquelas que fazem a gente respirar fundo antes de continuar assistindo. O jornalista César Tralli entrou em plantão na tela da TV Globo e confirmou, para o Brasil inteiro, uma morte que mexeu com muita gente. E, como se não bastasse, contou também que outras duas tentativas de feminicídio tinham acontecido quase no mesmo período, reforçando um cenário que parece piorar a cada mês.
No plantão, Tralli apareceu sério, daquele jeito que quem acompanha o Jornal Nacional já conhece. Ele abriu a cobertura dizendo: “Olá, neste último final de semana, um assassinato de uma mulher e outras duas tentativas chocaram o país. Neste ano, já foram mais de mil casos confirmados de feminicídio.” Só essa frase já diz muita coisa — e não é coisa boa. A verdade é que, em 2025, o número desse tipo de crime continua assustador, mesmo com campanhas, alertas, leis endurecidas e um debate constante nas redes.
Mais tarde, já durante o JN, Tralli voltou a tocar no assunto, tentando explicar melhor o que vinha acontecendo. “O assassinato de uma mulher e quatro crianças e duas tentativas de feminicídio provocaram indignação no país. Feminicídio é quando o homem mata uma mulher pelo fato de ela ser mulher. Em 2025, já foram mais de mil registros.” A fala dele foi direta, sem rodeios — e talvez esse seja o tipo de franqueza que a gente precisa para encarar uma realidade tão dura.
A reportagem exibida em seguida trouxe um caso que acabou ganhando enorme repercussão, inclusive nas redes sociais ao longo da semana. As imagens de uma câmera de segurança — infelizmente, daquelas que viram testemunhas de tragédias — registraram todo o ataque contra Tainara Souza Santos, de 31 anos. Ela tinha acabado de sair de um bar com um amigo na manhã de sábado, dia 29, quando foi surpreendida por um carro em alta velocidade.
O motorista avançou, atropelou Tainara e passou por cima dela. O mais chocante é que ela ficou presa embaixo do veículo, mas o condutor não parou. Ele continuou acelerando e a arrastou por cerca de um quilômetro. Um quilômetro inteiro. É quase inacreditável pensar que alguém consiga fazer isso. Os médicos fizeram de tudo, mas as lesões eram tão graves que precisaram amputar as duas pernas da vítima. A brutalidade desse ataque deixou muita gente indignada — e completamente sem palavras.
A polícia agiu rápido e prendeu Douglas Alves da Silva, de 26 anos, na noite de domingo, dia 30. Segundo testemunhas, ele não aceitava o fim da relação com Tainara. Esse tipo de histórico, infelizmente, aparece de novo e de novo em casos de feminicídio no Brasil: homens que acreditam ter algum tipo de posse sobre a mulher, como se o fim do relacionamento fosse uma ofensa pessoal que “justifica” violência. Nada justifica.
Enquanto a investigação segue, o caso levantou debates em vários lugares: da internet às rodas de conversa, passando por programas de TV e comentaristas que tentam apontar caminhos para reduzir esse número absurdo de agressões. Em um ano marcado por tantas discussões sobre segurança pública — desde o aumento de casos de violência doméstica até os protestos recentes em capitais como São Paulo e Recife —, histórias como a de Tainara acabam virando símbolo de um problema muito maior.
Tralli, no encerramento da matéria, reforçou que o Brasil registra mais de mil feminicídios só em 2025, e o número tende a crescer se nada mudar. A sensação, para muitos, é de que estamos vivendo uma crise silenciosa, que mata mulheres quase todos os dias, mas sem a mobilização proporcional ao tamanho da tragédia.
Ainda assim, apesar da tristeza e da revolta, a repercussão do caso trouxe uma discussão essencial: a importância de denunciar cedo, de oferecer apoio às vítimas e de cobrar políticas públicas que realmente funcionem. Porque, no fim das contas, cada número desses representa uma vida interrompida, uma família devastada e um futuro que não vai se realizar. E isso, como Tralli mostrou no plantão da Globo, é algo que o país já não pode mais ignorar.