O ministro Alexandre de Moraes, relator do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quinta-feira (05) estabelecer um novo conjunto de regras para as visitas feitas a Jair Bolsonaro na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Na prática, quem quiser encontrar o ex-presidente agora vai ter que passar por um processo mais rígido: primeiro, realizar um cadastro oficial junto à PF; depois, conseguir a autorização direta do próprio Bolsonaro.
Só depois dessas duas etapas concluídas é que o STF vai analisar cada solicitação individualmente, podendo liberar ou negar o pedido conforme o caso. Além disso, Moraes determinou que a Polícia Federal envie, todas as semanas, um relatório detalhando cada visita recebida pelo ex-chefe do Executivo, incluindo horários de entrada e saída — algo que lembra até o controle de ponto em empresa grande, mas aplicado ali ao contexto político que o país acompanha com lupa desde janeiro de 2023.
As visitas, que já não eram tão simples, agora vão precisar seguir ainda um protocolo de segurança mais duro, com regras sobre comportamento, roupas permitidas e até os objetos que podem ser levados para dentro da unidade. A PF vem reforçando que não é permitido improviso: quem não cumprir, sequer entra.
O terceiro reencontro com Michelle
Ainda nesta quinta-feira (05), Michelle Bolsonaro apareceu novamente na sede da PF para visitar o marido. A ex-primeira-dama chegou segurando uma bíblia, como já virou quase tradição nas fotos que circulam nas redes sociais. Na última visita, ela havia reclamado publicamente — num desabafo emocional que viralizou — sobre ter tido apenas 30 minutos para ficar com Bolsonaro, limite imposto pelo próprio STF.
Nesses pouco mais de dez dias detido, o ex-presidente já recebeu todos os filhos, um por vez, num clima de tensão misturado com demonstrações públicas de apoio. A médica particular dele também tem ido acompanhá-lo, especialmente depois que Bolsonaro enfrentou crises de soluço nos primeiros dias. Os herdeiros chegaram a comentar o episódio nas redes, o que acabou gerando discussão e, claro, memes — porque no Brasil até as crises políticas ganham uma dose de ironia da internet.
Alimentação especial liberada
Outro ponto que chamou atenção foi a questão da alimentação. A defesa de Bolsonaro pediu ao STF que ele pudesse receber refeições preparadas conforme o plano nutricional orientado por sua nutricionista. O pedido foi aceito por Alexandre de Moraes, que autorizou que uma pessoa previamente cadastrada faça a entrega diária dos alimentos.
Segundo aliados, Bolsonaro tem seguido uma dieta mais controlada desde o ano passado, após alguns problemas gástricos que se intensificaram durante a campanha eleitoral. Esse detalhe acabou se tornando mais um elemento do debate político, já que opositores ironizaram a “marmita presidencial”, enquanto apoiadores afirmam que o ex-presidente tem questões de saúde que não podem ser ignoradas.
O clima nos bastidores
Dentro da PF, a movimentação de jornalistas, apoiadores e curiosos virou quase rotina. Mesmo com as regras cada vez mais rígidas, o nome de Bolsonaro continua atraindo uma atenção difícil de controlar. Há dias em que se vê desde gente distribuindo bandeiras até pequenos protestos improvisados, dependendo de como o noticiário aquece.
Com as novas determinações de Moraes, a tendência é que o acesso ao ex-presidente fique ainda mais limitado e burocrático, reduzindo a circulação de pessoas e a entrada de informações externas. O STF reforça que todas as medidas têm como objetivo garantir segurança e transparência, enquanto a oposição acusa o ministro de impor restrições excessivas.
No fim das contas, o cenário segue tenso — como tudo que envolve Bolsonaro desde 2018. Cada visita, cada relatório e cada gesto vira manchete. E pelo jeito, continuará assim por um bom tempo.