Após polêmica, ginecologista reaparece e volta a rebater Gloria Pires

A ginecologista Ana Comin voltou a movimentar as redes sociais nos últimos dias ao reagir, mais uma vez, às declarações da atriz Gloria Pires sobre exames ginecológicos considerados dolorosos por muitas mulheres. O tema ganhou força depois de uma entrevista da atriz ao programa Na Palma da Mari, onde ela questionou se, em pleno 2025, a medicina ainda não teria evoluído o suficiente para evitar o desconforto causado por procedimentos como o exame Papanicolau.

Em um vídeo publicado em seu perfil, Ana Comin adotou um tom firme, didático, mas também crítico. Segundo a médica, o diagnóstico de qualquer tipo de câncer exige a retirada de células do órgão analisado, o que acontece por meio da biópsia. “Não é diferente com o colo do útero”, explicou. Ela relembrou que, em 1928, o médico grego George Papanicolau descobriu que as células do colo do útero sofrem alterações antes de se tornarem cancerígenas, criando assim um dos exames preventivos mais importantes da história da medicina.

Para a ginecologista, apesar das críticas, o Papanicolau continua sendo um exame moderno e extremamente eficaz na prevenção do câncer de colo do útero. Ana também citou métodos mais recentes, como a coleta de DNA-HPV, ressaltando que, mesmo com os avanços tecnológicos, o material precisa ser coletado diretamente do colo. “Não temos células do colo uterino no nariz”, ironizou, reforçando que o método segue sendo essencial para salvar vidas.

Ao abordar dados epidemiológicos, Ana Comin destacou números que, segundo ela, muitas vezes são ignorados no debate público. De acordo com informações do IBGE, o maior índice de câncer de colo do útero está na região Norte do Brasil. Dados de 2020 apontam mais de 6 mil mortes causadas pela doença, que é a terceira mais comum entre as mulheres no país. “O primeiro é o câncer de mama, e também precisa tirar um ‘pedacinho’ para diagnóstico”, lembrou.

A médica também aproveitou o espaço para falar sobre a menopausa, outro ponto citado por Gloria Pires na entrevista. Segundo Ana, o tema ficou por muito tempo envolto em medo e desinformação, inclusive dentro da própria medicina. Ela afirmou que muitos profissionais deixaram de falar sobre reposição hormonal por influência direta da indústria farmacêutica. “Essa mesma indústria ganha mais vendendo antidepressivos e ansiolíticos do que hormônios”, escreveu, alfinetando ainda artistas que fazem propaganda de medicamentos. “Não foi o homem o culpado”, completou.

A polêmica começou quando Gloria Pires, ao lado da atriz Isabel Fillardis, refletiu sobre o desconforto de exames ginecológicos e afirmou que a medicina não acompanhou as necessidades da saúde feminina. “É uma tortura”, disse a atriz ao falar do Papanicolau, comparando a situação aos avanços tecnológicos atuais, como viagens espaciais. Ela também questionou o fato de a menopausa ter sido pouco discutida por décadas, atribuindo isso ao domínio masculino na medicina e nas pesquisas científicas.

As falas repercutiram fortemente nas redes sociais e dividiram opiniões. Enquanto parte do público concordou com as críticas de Gloria, muitos profissionais da saúde reagiram de forma dura. Ana Comin foi uma das mais incisivas. Em outra publicação, chegou a afirmar que “custa acreditar” que mulheres experientes façam declarações assim em rede nacional. Para ela, não existe método indolor para obtenção celular com fins diagnósticos.

“Qual exame é prazeroso?”, questionou a ginecologista. Segundo ela, exames não têm a função de agradar, mas de diagnosticar e salvar vidas. Ana ainda criticou a influência de celebridades em temas técnicos e citou estudos como o WHI (Iniciativa para a Saúde da Mulher), pedindo mais responsabilidade ao tratar de assuntos médicos na televisão. “Fez teatro? Fale de teatro”, disparou, encerrando uma discussão que, ao que tudo indica, ainda vai render novos capítulos.



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