A mistura de política, televisão e música sertaneja ganhou mais um capítulo daqueles que ninguém esperava, mas todo mundo acabou comentando. Nesta segunda-feira, o senador Flávio Bolsonaro (PL) resolveu se manifestar publicamente sobre as declarações recentes de Zezé Di Camargo, que causaram um baita rebuliço nos bastidores do SBT e também fora deles. O assunto, claro, rapidamente saiu do mundo artístico e entrou de vez no campo político, onde qualquer frase vira munição.
Flávio, que é aliado próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro e aparece como um dos nomes ventilados para disputar cargos mais altos no futuro, falou sobre o tema em entrevista ao jornalista Léo Dias. Sem rodeios, o senador avaliou que o cantor passou do ponto no tom usado ao comentar a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro do STF, Alexandre de Moraes, no evento institucional do SBT, realizado na última sexta-feira durante o lançamento do SBT News.
“Foi um exagero”, disse Flávio, referindo-se ao uso da palavra “prostituir”, que gerou grande repercussão. Segundo ele, a fala ficou ainda mais pesada por envolver as filhas de Silvio Santos, fundador da emissora. “É óbvio que não é uma coisa legal. Ele devia pedir desculpas por isso”, afirmou o senador, num tom mais de reprovação do que de ataque direto. Flávio até reconheceu que Zezé pode ter seus motivos e insatisfações, mas defendeu que divergência política não precisa virar confronto pessoal. “A minha ideia é ir lá mostrar que não precisamos tratar divergências com porradaria”, completou, usando uma expressão bem direta.
Enquanto isso, do lado artístico, a reação de Zezé Di Camargo também chamou atenção. Após toda a repercussão negativa, o cantor afirmou que não deseja mais que o especial de Natal “É Amor”, gravado recentemente para o SBT e previsto para ir ao ar no dia 17, seja exibido. A decisão pegou muita gente de surpresa, principalmente porque o especial já estava praticamente pronto e fazia parte da programação de fim de ano da emissora.
O evento que deu início a toda essa confusão foi marcado por um clima até considerado cordial. Lula apareceu ao lado de adversários políticos, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, todos recepcionados pela família de Silvio Santos, que faleceu em agosto do ano passado. Para alguns, foi apenas um gesto institucional. Para outros, um símbolo de aproximação indesejada.
Em um desabafo público, Zezé tentou explicar melhor seu posicionamento. “Eu vi o que aconteceu no SBT nos últimos dias, na inauguração do SBT News. E juro por Deus que isso não faz parte do meu pensamento”, disse o cantor. Ele fez questão de afirmar que não tem animosidade pessoal contra Lula, Moraes ou qualquer outra figura política, mas deixou claro que está preocupado com os rumos do país. “Não tenho nada contra ninguém, eu peço que o Brasil se saia da melhor forma possível”, declarou, num tom mais emocional.
Ao justificar a tentativa de barrar a exibição do especial, Zezé foi além e citou diretamente Silvio Santos. Segundo ele, a postura atual da emissora não refletiria valores que, na sua visão, eram defendidos pelo fundador do canal. “Filho que não honra pai e mãe não existe”, disparou o sertanejo, numa frase que repercutiu forte nas redes sociais. Ele ainda ressaltou que, apesar de todo o investimento de tempo e trabalho no projeto, não se sentiria confortável em concordar com a condução administrativa atual do SBT.
No fim das contas, o episódio mostra como, no Brasil de hoje, tudo se mistura. Política invade a TV, que respinga na música, que volta para a política de novo. E, no meio disso tudo, opiniões, emoções e frases ditas no calor do momento acabam ganhando proporções gigantescas. O debate segue aberto, e a história, ao que tudo indica, ainda está longe de acabar.
