Careca do INSS manda R$ 1,5 milhão para amiga de Lulinha e deixa recado chocante

O lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido nos bastidores de Brasília como Careca do INSS, voltou ao centro de uma polêmica pesada envolvendo dinheiro, mensagens cifradas e personagens com trânsito político. Documentos reunidos pela Polícia Federal apontam que ele transferiu cerca de R$ 1,5 milhão para a empresária Roberta Luchsinger, que é amiga próxima de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula. O caso veio à tona após decisões judiciais recentes e trechos de conversas apreendidas que chamaram atenção até de quem já acompanha o noticiário político de perto.

Em uma das transferências analisadas pelos investigadores, o próprio Careca do INSS teria explicado a finalidade do dinheiro de forma curiosa. Segundo as mensagens, o valor seria destinado a “o filho do rapaz”, expressão que, de acordo com a interpretação da PF, pode fazer referência direta a Lulinha. O trecho consta em decisão assinada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, e reforça a suspeita de que os repasses não eram simples operações comerciais, como tenta alegar a defesa.

Outro ponto que pesa no inquérito é uma conversa envolvendo Milton Júnior, contador de Antônio Camilo. Em determinado momento, Milton questiona quem seria o destinatário de uma nova parcela de R$ 300 mil. A resposta do lobista foi direta, embora vaga: “o filho do rapaz”. Logo depois, surge a comprovação do pagamento para a empresa RL Consultoria e Intermediações Ltda, ligada a Roberta Luchsinger. Para a Polícia Federal, o sentido das mensagens deixa claro que o dinheiro teria o mesmo destino mencionado anteriormente.

Apesar da gravidade das informações, Lulinha não foi alvo da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quinta-feira (18/12). O foco da ação recaiu sobre o Careca do INSS, Roberta Luchsinger e outros investigados por supostos esquemas de lobby e repasses ilícitos. Mesmo assim, o nome do filho do presidente aparece de forma indireta, o que inevitavelmente gera repercussão política e comparações com episódios antigos, algo que o próprio inquérito menciona nas mensagens trocadas entre os investigados.

A coluna já havia revelado anteriormente que Roberta Luchsinger atuou em ações de lobby no Ministério da Saúde ao lado do Careca do INSS. Essa parceria, segundo a PF, não era pontual. Pelo contrário. Os investigadores afirmam que Roberta seria uma espécie de núcleo político do esquema, usando relações e influência para abrir portas em ministérios e órgãos federais.

Mesmo após a primeira fase da Operação Sem Desconto, realizada em abril de 2025, a relação entre Roberta e Antônio Camilo continuou ativa. As mensagens apreendidas mostram que eles seguiram em contato, discutindo estratégias e até a continuidade das práticas consideradas ilícitas. Em um dos diálogos, Roberta tenta demonstrar confiança e diz: “Distantes nesse momento, mas seguimos. Tudo vai se resolver”. Em outro trecho, ela chega a sugerir um advogado para cuidar da defesa do lobista.

Há ainda mensagens que chamaram atenção pelo tom de alerta. Em 29 de abril de 2025, Roberta avisa que foi encontrado “um envelope com nome do nosso amigo” durante uma busca e apreensão. A resposta de Antônio Camilo é curta, mas reveladora: “PUTZ”. Logo depois, Roberta aconselha: “some com esses telefones. Joga fora”. Para a PF, esse tipo de orientação indica tentativa de obstrução ou, no mínimo, consciência da gravidade da situação.

Dias mais tarde, em 5 de maio, Roberta envia um áudio tentando tranquilizar o lobista. Ela faz referência ao passado, citando o período “do Fábio”, e comenta que naquela época também surgiram acusações envolvendo empresas grandes, como a Friboi. A mensagem sugere que, assim como antes, tudo acabaria se resolvendo. Esse detalhe reforça o clima de bastidor político que envolve o caso e ajuda a explicar por que a investigação ganhou tanto destaque.

Enquanto isso, a defesa dos citados tenta minimizar o conteúdo das mensagens e sustenta que não há prova direta de crime envolvendo terceiros não investigados. Já a Polícia Federal segue aprofundando a análise dos dados, consciente de que o caso mistura dinheiro, influência e nomes sensíveis. E, em Brasília, como se sabe, quando esses três elementos se encontram, a história raramente termina simples.



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