Direto dos Estados Unidos, onde vive atualmente, Eduardo Bolsonaro voltou ao centro da polêmica política neste sábado (20). Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o deputado federal acusado de abandonar o mandato fez uma grave denúncia contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, Moraes teria ameaçado o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para forçar a cassação de seu mandato.
A declaração caiu como bomba nas redes e rapidamente passou a circular em grupos políticos, principalmente entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eduardo, que está fora do país há meses, afirmou que a decisão não foi técnica nem regimental, mas sim fruto de pressão direta do Judiciário sobre o Legislativo. Uma acusação pesada, diga-se de passagem, ainda mais num momento em que a relação entre os Poderes segue tensa.
Como já é de conhecimento público, Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem tiveram os mandatos cassados recentemente. No caso de Ramagem, a cassação ocorreu por ele estar foragido da Justiça. Já Eduardo perdeu o cargo por excesso de faltas, consequência direta de sua permanência fora do Brasil por um longo período. Mesmo assim, o filho do ex-presidente insiste que houve interferência indevida no processo.
No vídeo publicado neste sábado, Eduardo afirma que apenas o plenário da Câmara poderia cassar seu mandato. A declaração, no entanto, não corresponde exatamente ao que prevê o regimento, especialmente quando há abandono de funções e estouro do limite de faltas. Ainda assim, ele tenta se colocar como vítima de um sistema que, segundo ele, estaria atuando politicamente.
Curiosamente, Eduardo diz não responsabilizar diretamente Hugo Motta pela decisão. De acordo com sua versão, o presidente da Câmara teria sido chantageado por Alexandre de Moraes, que teria ameaçado prender Nabor Wanderley, pai de Motta e atual prefeito da cidade de Patos, na Paraíba. Eduardo não apresenta provas nem esclarece quais seriam as fontes dessa informação, o que levantou dúvidas até entre aliados.
Em outro vídeo divulgado pouco depois, o tom muda. Mais exaltado, Eduardo passa a criticar diretamente Hugo Motta e faz novas acusações. Ele afirma que sua cassação estaria ligada ao fato de Motta não ter aceitado que ele assumisse a liderança da Minoria na Câmara, algo que classificou como “inédito” e injusto. O discurso, nesse ponto, mistura indignação pessoal com argumentos políticos.
“Não é obrigação do presidente da Casa saber se eu estou nos Estados Unidos, no interior do meu estado ou na minha cidade natal”, declarou Eduardo. Segundo ele, é direito do líder não marcar presença em determinadas sessões, argumento que também é contestado por especialistas em regimento interno. Ainda assim, a fala encontrou eco em parte de seu público fiel.
O episódio acontece em meio a um cenário político já bastante desgastado, com disputas constantes entre STF, Congresso e figuras ligadas ao bolsonarismo. Nos últimos meses, casos semelhantes viralizaram, sempre com forte repercussão nas redes e pouco avanço prático fora delas. Para muitos analistas, Eduardo aposta justamente nesse embate público para manter relevância política, mesmo longe do país.
Enquanto isso, nem Alexandre de Moraes nem Hugo Motta se manifestaram oficialmente sobre as acusações. O silêncio, como de costume, acaba alimentando ainda mais especulações. Verdade ou não, o fato é que a denúncia reforça o clima de desconfiança e radicalização que segue marcando a política brasileira em 2025. E, como já virou rotina, a disputa acontece muito mais no campo do discurso do que nas instituições propriamente ditas.
Não foi a Câmara que me cassou. Veja se isso não é coisa de mafioso?
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) December 20, 2025
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