Ao buscar nas profundezas das informações contidas nesta instigante passagem de “O Livro dos Espíritos”, confrontamos com uma questão fascinante: a “qualidade da morte”. o mestre dos mestres(Jesus), em suas parábolas, comparou a morte a um ladrão que chega disfarçadamente na calada da noite, convidando-nos a viver da melhor forma possível, repletos de amor e perdão, pois em um instante seremos convocados para a pátria espiritual e o acerto de contas que nos aguarda.
A incerteza da vida além da morte muitas vezes paira sobre os seres humanos, mas a Transcomunicação Instrumental (TCI) emerge como um fascinante campo de estudo que oferece evidências tangíveis da existência além do corpo físico. Espíritos, supostamente “mortos”, comunicam-se através de dispositivos eletrônicos, trazendo relatos de suas experiências e interações sociais no plano espiritual.
Um exemplo claro e intrigante é o desabafo do escritor Coelho Neto, que, através de uma chamada telefônica, recebeu comunicação de sua neta que já tinha morrido em 1923. Essas experiências desafiam concepções tradicionais sobre a vida após a morte e estimulam a reflexão sobre a transição para o mundo espiritual.
A igreja católica, por meio da Transcomunicação Instrumental, reconheceu a realidade das comunicações com entidades desencarnadas. O Papa João Paulo II, em 1983, afirmou que “o diálogo com os mortos não deve ser interrompido”, reconhecendo que a vida transcende os limites do mundo material. Essa aceitação progressiva reflete uma mudança na compreensão eclesiástica em relação à existência além da morte.
O Papa João Paulo II, em uma fala transmitida pela Rádio Vaticano em novembro de 1998, destacou que a vida após a morte não espera pelo Dia do Juízo Final. Condições específicas se manifestam após a morte natural, marcando uma fase de transição. Essa visão mais aberta sinaliza uma evolução nas concepções religiosas sobre o pós-morte.
Entretanto, a passagem para o plano espiritual não é isenta de desafios, como revelam os relatos de Espíritos desencarnados. A imaturidade espiritual após a morte física dificulta o raciocínio humano, já que o cérebro físico não está mais presente. A caridade mediúnica em centros espíritas é frequentemente necessária para auxiliar Espíritos a recuperarem o equilíbrio.
A metáfora da vida como um livro em branco, sendo escrito a cada relacionamento, pensamento e atitude, é apresentada pelo Espírito Emmanuel através de Francisco Cândido Xavier. A contabilidade final dessa escrita diária determinará a natureza da passagem, que, idealmente, deveria ocorrer com alegria.
As experiências narradas por André Luiz em “Nosso Lar” complementam essa visão, descrevendo a condição de desencarnados que enfrentam dificuldades devido a vivências negativas na Terra. O estado do Espírito no pós-morte reflete as escolhas e experiências acumuladas durante a existência física.
Espíritos ainda imaturos, ao se materializarem, podem encontrar um ambiente espiritual semelhante ao físico, dificultando a distinção entre os dois. Alguns permanecem mentalmente ligados ao corpo físico mesmo após a morte, enquanto outros experimentam a decomposição, revelando a intensidade da ligação mental com o corpo já sem vida.
A Doutrina Espírita surge como uma bússola nesse cenário, fornecendo suporte científico e filosófico para a transição pós-morte. A prática das sessões mediúnicas é apresentada como um meio de explorar e compreender o mundo espiritual, revelando sua realidade e seus mecanismos.
Aqueles que, devidamente evangelizados com a sabedoria do conhecimento espiritual, enfrentam a morte com uma compreensão mais profunda experimentam uma “qualidade de morte” superior. “Morrer”, paradoxalmente aos tempos atuais, torna-se motivo de alegria para mentes e corações preparados, marcando o início de uma jornada além do véu da existência material.