Acha que está obeso? Você pode ter lipedema e não sabe

O lipedema é uma condição crônica que afeta cerca de 9% a 10% das mulheres adultas no Brasil, aproximadamente 5 milhões de pessoas. Também conhecido como síndrome da gordura dolorosa, caracteriza-se por depósitos de gordura desproporcionais nos membros, especialmente nas pernas, sendo bilateral e causando inchaço e irregularidades na pele.

Essa condição é frequentemente confundida com obesidade e celulite, embora apresente características distintas, como dor intensa, sensibilidade ao toque, formação de hematomas espontâneos e dificuldades na mobilidade física em estágios avançados. O lipedema pode também impactar negativamente o sistema linfático, exacerbando o quadro.

Apesar de ter sido descrito pela primeira vez nos Estados Unidos em 1940, o lipedema ainda é mal compreendido e frequentemente subdiagnosticado, inclusive entre profissionais de saúde. A gestão da condição geralmente envolve tratamentos para alívio da dor, controle do inchaço e, em alguns casos, intervenções para melhorar a mobilidade e qualidade de vida dos pacientes afetados.

Quais as causas do lipedema?

A origem exata do problema ainda é desconhecida, mas já se sabe que há uma forte influência genética em dois terços dos casos. Além disso, os hormônios femininos, como o estrogênio e a progesterona, são considerados gatilhos para o seu desenvolvimento.

Por essa razão, o lipedema afeta principalmente mulheres, com 90% dos casos ocorrendo em indivíduos do sexo feminino. A condição geralmente surge durante períodos de alterações hormonais, como o uso de anticoncepcionais, gravidez, tratamentos de infertilidade e menopausa.

Problemas emocionais

Além dos impactos físicos, o lipedema pode desencadear problemas emocionais e psiquiátricos significativos. Isso ocorre porque muitas pacientes não conseguem alcançar resultados satisfatórios com atividade física e dietas, o que frequentemente gera frustração ao não observarem mudanças, mesmo com hábitos saudáveis. Além disso, muitas sofrem com distúrbios de imagem e insatisfação corporal. Esses fatores combinados podem contribuir para o desenvolvimento de condições como anorexia, bulimia, depressão e crises de ansiedade.

Dificuldade no diagnóstico

Atualmente, não há um protocolo padronizado para o diagnóstico do lipedema, nem exames específicos para sua detecção. Portanto, é crucial que a paciente seja avaliada por um médico especializado, que analisará o histórico familiar, a evolução do quadro e realizará um exame físico detalhado. Durante essa avaliação, serão observados sinais como nódulos, hipersensibilidade e perda de elasticidade do tecido adiposo, indicativos de que o problema não está relacionado apenas à obesidade.

A ausência de um protocolo formal e a falta de conhecimento sobre o lipedema por parte de muitos profissionais de saúde dificultam o diagnóstico preciso e o início do tratamento adequado. Esse atraso é preocupante, pois o quadro da doença pode continuar a evoluir sem controle.

Tratamento

Após o diagnóstico, é essencial que a paciente seja acompanhada por uma equipe multidisciplinar que inclui profissionais como endocrinologistas, ginecologistas, nutricionistas, cirurgiões vasculares, cirurgiões plásticos, psicólogos, psiquiatras, entre outros especialistas.

É recomendado que a paciente evite ganhar peso e pratique exercícios de baixo impacto, preferencialmente com orientação de um profissional de educação física. Atividades aquáticas são altamente recomendadas, pois são suaves para as articulações e ajudam na circulação.

O trabalho de um fisioterapeuta é fundamental. Ele pode utilizar técnicas como drenagem linfática, enfaixamento compressivo, e recomendar o uso de meias de compressão e botas pneumáticas para melhorar a circulação linfática e o retorno venoso ao coração. Terapias com ondas de choque também podem ser úteis, pois promovem a circulação e ajudam a quebrar as fibroses causadas pela gordura.