Soldados da equipe de patrulha de fronteira do Texas, coordenados pela iniciativa liderada por Greg Abbott, foram acusados de seguir instruções controversas em relação aos migrantes, conforme revelado em e-mails de um funcionário do estado.
De acordo com os e-mails enviados por Nicholas Wingate, um médico policial do departamento de segurança pública do estado, houve preocupações sobre ações consideradas “desumanas” em relação aos migrantes. O e-mail, datado de 3 de julho, foi direcionado aos supervisores e destaca diversos incidentes envolvendo migrantes, que até então não haviam sido relatados, ocorridos durante o período de 24 de junho a 1º de julho em Eagle Pass, uma cidade do Texas ao longo da fronteira dos Estados Unidos com o México.
O relatório aborda diversas situações delicadas envolvendo migrantes, descrevendo incidentes em que eles foram capturados ou feridos por cercas de arame farpado. Além disso, menciona outras ações controversas, como a instrução para empurrar crianças em direção ao Rio Grande e a recusa em fornecer água a imigrantes em condições de calor extremo.
Esses eventos relatados têm causado inquietação e atraído considerável atenção das autoridades e da mídia. O The Guardian, um renomado periódico, realizou uma revisão independente dos e-mails relacionados a essa situação.
Tais acontecimentos levantam questões cruciais sobre as práticas adotadas na patrulha de fronteira e a abordagem humanitária em relação aos migrantes nesta região.
No e-mail enviado, Wingate expressa sua preocupação com as políticas vigentes e propõe diversas alterações com o objetivo de proteger os migrantes de danos adicionais. Uma das sugestões é remover os barris envoltos em arame farpado do rio, pois considera essa abordagem como uma armadilha desumana, especialmente em águas de alta e baixa visibilidade.
Além disso, ele faz um apelo às autoridades para que revoguem a ordem de retenção da água dos migrantes, principalmente em face das condições de calor extremo. Wingate enfatiza que essa medida deve ser revertida imediatamente, já que ele acredita que a situação atual ultrapassou os limites do que é aceitável em termos humanitários.
De acordo com informações relatadas pelo Chronicle, Travis Considine, o porta-voz do departamento de segurança do Texas, declarou que as alegações feitas pelo policial estão atualmente sob investigação interna. Ele esclareceu que o departamento não possui nenhuma diretriz ou política que instrua os agentes a reterem a água dos migrantes ou a forçá-los de volta ao rio.
Em um incidente ocorrido em 30 de junho, conforme descrito por Wingate, os policiais atenderam a uma menina de quatro anos que desmaiou devido ao calor extremo, aproximadamente 100°F (cerca de 38°C), depois que ela tentou atravessar a fronteira. Os soldados da Guarda Nacional do Texas os conduziram de volta ao México, juntamente com seu grupo.
No mesmo dia, houve um incidente em que uma mulher grávida foi encontrada presa em arame farpado, sofrendo com dores extremas. Ela estava enfrentando um aborto espontâneo, e prontamente foi atendida pelos socorristas e levada a um hospital. Além disso, um adolescente também sofreu um acidente, quebrando a perna enquanto tentava evitar o arame e precisou ser carregado por seu pai.
Na terça-feira, durante uma entrevista aos repórteres da Associated Press, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, expressou grande preocupação sobre o relato do policial, considerando-o “inaceitável” e “potencialmente perigoso”, caso comprovado. Os representantes do partido democrata em Austin, capital do Texas, afirmaram que têm planos de conduzir uma investigação a respeito do ocorrido.