Um amigo próximo da família decidiu doar seu fígado para uma criança que sofria de uma doença genética rara, após ser confirmada a compatibilidade entre eles. O transplante foi conduzido com êxito nesta segunda-feira (19) no Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas de São Paulo. Esse ato de generosidade e amizade se torna ainda mais significativo, uma vez que marcou o milésimo transplante de fígado realizado pela instituição.
Ao receber a notícia de que tinha a possibilidade de ser o doador de fígado para a filha de seus amigos, o engenheiro civil Leonardo Mendes sentiu uma responsabilidade imensa. Alice, uma criança de cinco anos, sofria de uma doença genética rara, e seus pais não podiam ser doadores compatíveis.
“Eu encarei isso como uma obrigação e estou imensamente feliz por ter essa oportunidade de trazer mais esperança”, afirmou Leonardo Mendes dos Santos, engenheiro civil e doador.
Na segunda-feira (19), o Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas de São Paulo obteve êxito ao realizar um transplante de fígado. Esse ato de amizade é um marco importante para a instituição, sendo o milésimo transplante hepático realizado com sucesso.
Alice, uma garotinha de cinco anos, sofre de uma doença genética rara que resulta em cirrose e pode levar à falência hepática. Em janeiro, teve início a busca por um doador compatível.
“Devido à natureza genética da doença, nós não poderíamos ser doadores”, afirma Bianca Passos Bressan, mãe de Alice.
“Oito pessoas se apresentaram para fazer os exames de compatibilidade. Infelizmente, nenhuma delas pôde ser doadora”, conta Rafael de Souza Reis, o pai. Foi nesse momento que a amizade se tornou ainda mais significativa.
“Sou amigo dos pais da Alice e a conheço desde que ela era pequena. Quando descobri que poderia ser um doador compatível, não hesitei em fazer todos os exames no dia seguinte. Poucos dias depois, eles entraram em contato comigo confirmando que eu poderia ser o doador da Alice”, relata Leonardo.
“Eu sempre digo há muitos anos que ele é como um irmão para mim, não de sangue, mas de vida. E hoje, essa irmandade se torna ainda mais concreta”, celebra Rafael de Souza Reis, empresário e pai de Alice.
“Minha felicidade é imensa. Estou feliz por poder fazer parte deste momento e por ser o doador da Alice”, expressa Leonardo com gratidão.
Alice se prepara para mais uma batalha: um transplante de fígado com um doador vivo no Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas de São Paulo.
“No Brasil, somos cientes de que não há disponibilidade suficiente de doadores falecidos para atender todas as crianças que necessitam de um transplante de fígado. Portanto, a opção que encontramos aqui no país é realizar transplantes utilizando doadores vivos. Essa modalidade nos permite salvar a vida das crianças”, explica a cirurgiã pediátrica Ana Cristina Tannuri.
Duas cirurgias ocorrem simultaneamente. Os médicos realizam a remoção de uma porção do fígado do doador, no caso, Leonardo, representando até 30% do órgão. Em outra sala, ocorrerá o transplante do fígado saudável para a receptora, Alice. Trata-se de um procedimento complexo, com duração de até 12 horas, que oferece a cura para aproximadamente 80% dos pacientes.