Cantor suspeito de tirar vida dentista em Araras posta nota após ser perseguido pela polícia; ‘vou me entregar’

Depois de ser perseguido pela Polícia Militar na rodovia Anhanguera (SP-330), deixar o veículo para trás e escapar por um campo de cana-de-açúcar em Cravinhos, o cantor sertanejo João Vitor Malachias emitiu uma declaração em uma plataforma de mídia social, explicando que sua fuga foi motivada pelo desespero. Além disso, ele afirmou que se um mandado de prisão for emitido contra ele, ele se entregará voluntariamente.

Malachias é o ex-companheiro da dentista Bruna Angleri, de 40 anos, cujo corpo foi descoberto carbonizado em Araras (SP) em 27 de setembro. Ele está sendo investigado como o principal suspeito desse crime.

 

Cantor sertanejo João Vittor é o principal suspeito de ter assassinado dentista em Araras — Foto: Reprodução/Facebook

 

Ele afirmou: “Assim que avistei a polícia acenando para mim, entrei em pânico e senti medo, então comecei a correr, porque havia uma grande quantidade de posts, comentários e mensagens. Portanto, se de fato houver um mandado de prisão, estou disposto a me entregar e a colaborar plenamente para resolver este caso”, declarou.

Postagem

O ex-namorado da vítima relatou que, desde o dia em que deu seu depoimento, vinha recebendo ameaças e, por essa razão, optou por passar alguns dias fora de Araras. Ele enfatizou que, até a noite de sexta-feira (6), não estava ciente de nenhuma decisão judicial que o proibisse de sair da cidade.

 

Corpo de dentista Bruna Angleri foi encontrado carbonizado em Araras — Foto: Reprodução Facebook

 

A publicação e outras postagens do cantor foram removidas da rede social posteriormente.

Leia a nota

“Para aqueles que me enviaram mensagens e acompanhadas de repercussão, decido fazer esta declaração. Desde o momento em que prestei meu depoimento, fui alvo de ameaças de diversas naturezas. Isso se tornou impossível para mim circular livremente pela cidade ou até mesmo permanecer em minha própria casa, já que minha família também estava enfrentando riscos iminentes.

Como muitos já sabem, o processo é sob segredo de justiça e, até a noite passada, eu não tinha conhecimento de nenhuma decisão judicial que me proibisse de deixar a cidade de Araras. Por esse motivo, tomei a decisão de passar alguns dias fora e, caso ocorressem mudanças no processo, eu retornaria prontamente. Levei comigo apenas algumas roupas e meu violão, pois planejamos continuar trabalhando durante esse período. Viajei pela estrada e passei pelos pedágios, pois não estava ciente de estar seguro de forma errada.

Fiquei sabendo do pedido de prisão por meio das redes sociais, uma vez que nem meu mesmo advogado teve acesso a essa informação. Quando vi a polícia emitindo sinais de parada, entrei em pânico devido à grande quantidade de cartas, comentários e mensagens recebidas. Portanto, se de fato houver um pedido de prisão, estou disposto a me entregar e continuarei colaborando integralmente para resolver este caso.”

 

Cantor sertanejo João Vitor Malachias, suspeito de envolvimento na morte da dentista Bruna Angleri, publicou uma nota no Facebook após repercussão de perseguição — Foto: Reprodução/Facebook

 

Perseguição e prisão temporária

Na noite de sexta-feira (6), a Polícia Militar estava em patrulhamento quando recebeu informações sobre a existência de um mandado de prisão temporária contra João Vitor Malachias. A informação indicava que ele estava em deslocamento pela rodovia Anhanguera em direção a Ribeirão Preto.

Os policiais o aguardaram no pedágio de São Simão e, quando o veículo passou pelo local, iniciaram o acompanhamento e ordenaram ao condutor que parasse. No entanto, o motorista não atendeu ao comando e empreendeu uma fuga em alta velocidade.

Reforços policiais foram solicitados e iniciaram a perseguição ao carro, que acabou parando no canteiro central, nas proximidades de Cravinhos. O motorista abandonou o veículo e fugiu pelo meio de um canavial, não sendo localizado. O automóvel foi apreendido para posterior análise pericial.

A notícia da prisão temporária foi divulgada pelo advogado Daniel Salviato, que foi contratado pela família de Bruna para acompanhar as investigações, e essa informação foi confirmada pelo delegado Tabajara Zuliani dos Santos.

O advogado Wagner Moraes, que representa Malachias, afirmou que a investigação está sob segredo de Justiça e que ele não havia sido informado sobre a existência do mandado de prisão.

O crime

Bruna Angleri foi tragicamente encontrada com o corpo carbonizado em sua residência em Araras no dia 27 de setembro. O laudo emitido pela Polícia Civil revelou que a dentista sofreu agressões severas no rosto e teve uma costela fraturada. Além de sua profissão na odontologia, ela também possuía formação em psicologia e desempenhava a função de coordenadora de um curso de pós-graduação em uma universidade particular. Essa tragédia é uma perda lamentável e chocante.

O principal suspeito neste caso é João Vitor Malachias, ex-namorado da vítima. De acordo com informações da família, em agosto, Bruna teria sido agredida por ele, e por duas ocasiões, ele chegou a entrar em sua residência. Após o terrível homicídio, Malachias se apresentou à polícia acompanhado de um advogado e, durante o interrogatório, negou qualquer envolvimento no crime.

O advogado de João Vitor Malachias, Wagner Moraes, afirmou que seu cliente compareceu à polícia, prestou depoimento, entregou seu celular e está cooperando com as investigações. Ele também esclareceu que a investigação está sob segredo de Justiça e que não havia sido informado sobre o mandado de prisão. Moraes não quis comentar se está em contato com Malachias neste momento.

Conforme relatado pelo advogado da família de Bruna, o último registro conhecido dela foi quando ela passou pela portaria do condomínio por volta das 22h da véspera do dia do crime e estacionou seu carro na garagem de casa, aparentemente em estado de choro.

No dia do velório, foi solicitado o retorno do corpo ao Instituto Médico Legal de Limeira para a realização de um novo exame, com o objetivo de esclarecer se a causa da morte foi realmente asfixia ou se ela faleceu devido à inalação da fumaça do incêndio. Essa medida visa aprofundar a investigação e esclarecer as circunstâncias do trágico acontecimento.