O caso que chocou o Piauí no início de 2025 teve um novo desdobramento nesta semana. A Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou Maria dos Aflitos e Francisco de Assis por uma série de crimes relacionados ao envenenamento de sete familiares e uma vizinha. Segundo o delegado Abimael Silva, responsável pela investigação, os suspeitos foram formalmente acusados de 23 crimes no total.
O caso gerou grande repercussão na cidade de Parnaíba e levantou questionamentos sobre as motivações do casal. O envenenamento em massa ocorreu no primeiro dia do ano, quando nove pessoas da mesma família passaram mal após consumir um prato típico da região, o baião de dois. O alimento, segundo os laudos periciais, estava contaminado com terbufós, um inseticida extremamente tóxico, semelhante ao chumbinho.
Como tudo aconteceu
Na virada do ano, a família se reuniu para celebrar a chegada de 2025. Entre os pratos servidos, estava o baião de dois, preparado na noite anterior. No dia seguinte, nove pessoas passaram mal e precisaram ser levadas às pressas para o hospital com sintomas de envenenamento grave.
Seis delas não resistiram e faleceram. As vítimas foram identificadas como:
• Manoel Leandro da Silva, 18 anos
• Igno Davi da Silva, 1 ano e 8 meses
• Lauane da Silva, 3 anos
• Francisca Maria da Silva, 32 anos
• Maria Gabriela Silva, 4 anos
• Maria Jocilene da Silva, 32 anos
A última vítima, Maria Jocilene, que também era vizinha da família e ex-nora de Maria dos Aflitos, chegou a receber alta hospitalar, mas voltou a ser internada dias depois. Ela faleceu no dia 22 de janeiro, o que reforçou as suspeitas de que poderia ter sido envenenada propositalmente.
Crimes e indiciamentos
Com o avanço das investigações, a polícia reuniu provas suficientes para indiciar o casal por diversos crimes. Maria dos Aflitos foi acusada de:
• Quatro feminicídios com aumento de pena
• Quatro homicídios triplamente qualificados
• Duas tentativas de feminicídio
• Uma tentativa de homicídio triplamente qualificado
• Denunciação caluniosa
Já Francisco de Assis responderá por:
• Quatro homicídios triplamente qualificados
• Três feminicídios
• Duas tentativas de feminicídio
• Uma tentativa de homicídio triplamente qualificado
• Fraude processual
A motivação para o crime ainda não foi totalmente esclarecida, mas há indícios de que desavenças familiares e disputas patrimoniais possam estar por trás do atentado.
Conexão com outro crime
A brutalidade do caso trouxe à tona uma outra investigação que já havia sido encerrada meses antes. Em agosto de 2024, dois meninos da mesma família morreram após ingerirem cajus contaminados com veneno. As vítimas, Ulisses Gabriel Silva, de 7 anos, e João Miguel Silva, de 8 anos, eram filhos de Francisca Maria, uma das vítimas do arroz envenenado.
Na época, uma vizinha da família, Lucélia Maria Gonçalves, foi acusada e chegou a ficar presa por cinco meses pelo suposto crime. No entanto, com a descoberta do novo envenenamento, a polícia passou a investigar a possibilidade de que os responsáveis pelo baião de dois também estivessem por trás da morte das crianças.
A revelação de que o bebê de 1 ano e 8 meses que morreu em janeiro era irmão dos dois meninos mortos no ano anterior fortaleceu a hipótese de que os crimes estavam conectados. Diante dessas novas evidências, Lucélia foi solta, e a investigação passou a focar exclusivamente no casal agora indiciado.
Próximos passos
Maria dos Aflitos e Francisco de Assis seguem presos preventivamente enquanto aguardam o desenrolar do processo judicial. O caso gerou comoção na cidade de Parnaíba, e moradores ainda tentam entender como um crime tão cruel pode ter ocorrido dentro de uma mesma família.
A expectativa agora é que o Ministério Público analise o inquérito e ofereça a denúncia formal contra os suspeitos. Se condenados, o casal pode pegar penas severas, acumulando décadas de prisão.
Enquanto isso, familiares das vítimas clamam por justiça e esperam que os responsáveis paguem pelo crime que destruiu a vida de tantas pessoas inocentes.