Caso Benjamyn: Bisavó e tia relatam rotina de agressões contra menino

Nesta segunda-feira (20), a bisavó e a tia de Benjamyn Leonel da Silva, menino de apenas dois anos que teve sua vida interrompida de forma trágica, compareceram novamente à DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense) para prestar depoimentos. As duas, que moravam próximas à casa da mãe e do padrasto do garoto, revelaram que episódios de agressão eram algo recorrente no ambiente familiar.

O caso chocou a população de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e ganhou destaque nos noticiários desde o dia 14 de janeiro, quando Benjamyn foi levado para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade já sem vida. A equipe médica que atendeu a criança identificou marcas de violência em seu corpo, o que imediatamente levantou suspeitas sobre as circunstâncias da morte.

De acordo com o laudo do IML (Instituto Médico-Legal), Benjamyn sofreu uma hemorragia interna no abdômen e teve o fígado lacerado, lesões que apontam para um impacto violento. O relatório médico também indicou que a criança foi vítima de uma ação contundente, como uma forte pancada, reforçando a hipótese de maus-tratos.

A mãe de Benjamyn, Rafaela Vitória da Silva Ávila, de apenas 18 anos, e o padrasto, Daniel Luiz Santana Viegas, de 28, foram presos preventivamente e estão sendo investigados por homicídio qualificado. Até a conclusão do inquérito, ambos permanecerão sob custódia.

Vizinhança em alerta
Os relatos das vizinhas, incluindo a bisavó e a tia do menino, trouxeram à tona uma rotina de violência que, segundo elas, acontecia há algum tempo. Apesar de notarem o comportamento agressivo, elas mencionaram sentir medo de denunciar. “A gente ouvia os gritos, mas não sabia até que ponto isso ia. Nunca imaginamos que algo assim pudesse acontecer”, disse uma das mulheres, emocionada, ao sair da delegacia.

Esse tipo de silêncio, infelizmente, é comum em muitos casos de violência doméstica. A dependência emocional, financeira ou até mesmo o medo de represálias faz com que muitas pessoas próximas às vítimas hesitem em procurar ajuda ou denunciar.

Uma tragédia que poderia ter sido evitada
O caso de Benjamyn levanta debates urgentes sobre a proteção de crianças em situações vulneráveis. Nos últimos anos, houve um aumento nos registros de violência infantil, especialmente em lares onde a presença de padrastos ou madrastas é associada a conflitos. Ainda que não seja uma regra, os dados mostram a necessidade de uma maior atenção de órgãos responsáveis, como o Conselho Tutelar, e também da sociedade, para identificar sinais de abuso a tempo de evitar tragédias.

Em 2024, por exemplo, o caso da pequena Alice, que também sofreu violência doméstica e teve um desfecho semelhante, chamou atenção para a importância de campanhas de conscientização. É preciso que haja mais suporte para vizinhos, familiares e até professores que suspeitam de abusos, para que eles saibam como agir e onde procurar ajuda.

Revolta e comoção
Nas redes sociais, o caso de Benjamyn gerou uma onda de comoção e revolta. “Uma criança que mal começou a viver teve a vida tirada de forma cruel. Isso é inadmissível!”, escreveu um internauta. Outro destacou a responsabilidade de todos em proteger os pequenos: “Se você ouvir ou suspeitar de maus-tratos, denuncie! Pode salvar uma vida.”

Denúncias de violência contra crianças podem ser feitas de forma anônima pelo Disque 100, canal nacional para registrar esse tipo de crime. É uma ferramenta essencial para quem deseja intervir sem se expor a riscos.

Conclusão
O caso de Benjamyn não é apenas uma tragédia familiar, mas um alerta para a sociedade como um todo. Enquanto as investigações seguem e os culpados aguardam o julgamento, a esperança é que situações como essa gerem mais conscientização e ação coletiva. Afinal, nenhuma criança deveria enfrentar violência, muito menos em um lugar que deveria ser sinônimo de segurança: o próprio lar.