Caso Henry Borel e Linha Direta: relembre morte de menino de 4 anos na Barra da Tijuca

No episódio desta quinta-feira, 18, o programa Linha Direta da TV Globo apresentará a história trágica de Henry Borel Medeiros, uma criança de 4 anos que faleceu em 8 de março de 2021, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Sua mãe, Monique Medeiros, e o padrasto, Jairo Souza Santos, conhecido como Doutor Jairinho, estão sendo processados por homicídio e serão levados a julgamento popular em uma data ainda não definida.

A exibição do programa foi autorizada após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Inicialmente, a Justiça do Rio de Janeiro havia concedido uma liminar em favor da defesa de Jairinho, proibindo a Rede Globo de transmitir o programa. No entanto, essa decisão foi revogada pelo STF.

Henry veio ao mundo em 3 de maio de 2016, sendo filho da professora Monique Medeiros Costa e Silva, atualmente com 34 anos, e do engenheiro Leniel Borel de Almeira, com 38 anos. O casal se conheceu em 2011 e manteve um relacionamento que durou até o início de 2020.

Em agosto daquele ano, Monique conheceu o médico e então vereador do Rio de Janeiro, Jairo de Souza Santos, mais conhecido como Doutor Jairinho, atualmente com 45 anos. Iniciaram um namoro e, em outubro, Monique e seu filho foram morar com ele em um apartamento localizado na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade.

Leniel mantinha uma relação próxima com seu filho e passou o primeiro domingo de março de 2021, em 7 de março, ao lado dele. À noite, ele o levou de volta para a casa de Monique, que afirmou à polícia tê-lo dado banho e colocado para dormir. Em seguida, Monique e Jairinho foram para outro quarto assistir televisão e se deitaram para dormir.

Segundo o relato de Monique, ela acordou durante a madrugada, por volta das 3h30, ao ouvir o barulho da TV. Preocupada, ela se levantou e foi até o quarto onde seu filho estava dormindo. Foi lá que ela o encontrou caído no chão, com as mãos e pés frios e os olhos revirados. Monique então acordou Jairinho (embora posteriormente tenha mudado sua versão, afirmando que foi Jairinho quem acordou primeiro, viu Henry e chamou Monique).

O casal levou imediatamente a criança ao Hospital Barra D’Or, localizado no mesmo bairro, onde a morte de Henry foi confirmada. Os médicos que atenderam o menino relataram que ele já havia chegado sem vida à unidade de saúde. A autópsia revelou que Henry apresentava 23 lesões em seu corpo, sendo que a causa da morte foi determinada como hemorragia interna causada por uma laceração no fígado. O funeral de Henry ocorreu em 10 de março de 2021, no cemitério do Murundu, situado na zona oeste do Rio de Janeiro.

Em 8 de abril de 2021, Jairinho e Monique foram presos temporariamente sob acusações de obstrução da justiça e ameaça a testemunhas. A Polícia Civil informou que o casal tentou se livrar dos celulares ao tomar conhecimento da chegada dos policiais. Um dos dispositivos de Monique continha uma conversa datada de dois meses antes, na qual a babá Thayná Ferreira mencionava as queixas e os ferimentos de Henry à mãe, incluindo o relato de uma agressão praticada por Jairinho, que deixou a criança mancando. A babá também descreveu ameaças feitas por Jairinho contra Henry.

Após a conclusão das investigações, a Polícia Civil determinou que Jairinho agredia o enteado e que Monique tinha conhecimento dessa situação pelo menos desde fevereiro de 2021. Jairinho foi indiciado por tortura e homicídio qualificado, enquanto Monique foi indiciada por tortura (por omissão).

Em maio de 2021, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro denunciou Jairinho por homicídio triplamente qualificado, tortura e fraude processual. Monique foi denunciada por homicídio e tortura (por ter omitido essas duas condutas de Jairinho), falsidade ideológica, fraude processual e coação de testemunha.

A juíza Elizabeth Machado Louro, do 2º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, absolveu Monique das acusações de tortura, falsidade ideológica e fraude processual, mas determinou que ela seja julgada pelo homicídio e pela coação de testemunha. Jairinho foi absolvido da acusação de fraude processual, mas será julgado por homicídio e tortura em relação a Henry.

Atualmente, Jairinho está detido preventivamente no presídio Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8, localizado no complexo penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro. Ele teve seu mandato como vereador cassado em dezembro de 2021 e em março de 2023 teve definitivamente revogada sua licença profissional como médico.

Jairinho nega veementemente os crimes contra Henry e afirmou durante seu depoimento à Justiça em junho de 2022: “Juro por Deus que nunca encostei em uma criança na minha vida”.

Após sua libertação da prisão em abril do ano passado, Monique foi novamente encarcerada em junho do mesmo ano. No entanto, desde agosto de 2022, ela se encontra em liberdade, aguardando o julgamento. Monique é funcionária da secretaria municipal de Educação do Rio e retornou ao trabalho em dezembro, desempenhando uma função administrativa. No entanto, em janeiro, ela foi afastada de suas funções e está atualmente sendo investigada em uma sindicância da pasta devido a suspeitas de irregularidades no preenchimento da folha de ponto.