Caso Vitória: adolescente teria sido morta com três facadas e tinha sinais de tortura, concluem peritos

A morte brutal de Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, continua cercada de perguntas e indignação. A adolescente, que estava desaparecida desde o dia 26 de fevereiro, foi encontrada sem vida em uma área de mata na última quarta-feira (5), em Cajamar, na Grande São Paulo. O laudo da Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC) revelou que ela sofreu três facadas e apresentava sinais de tortura, tornando o crime ainda mais chocante.

O corpo da jovem estava nu, com a cabeça raspada, e os cortes foram identificados no tórax, pescoço e rosto. Até o momento, a arma do crime não foi localizada. A forma como tudo aconteceu levanta duas principais linhas de investigação: crime motivado por ciúmes ou por vingança.

Embora a Polícia Civil tenha identificado três suspeitos, o delegado Luiz Carlos do Carmo, diretor da Polícia Civil da Grande São Paulo, destacou que a prioridade agora é reunir provas concretas. “A motivação vem depois. Primeiro, coletamos as evidências, colocamos as pessoas na cena do crime e, a partir disso, buscamos entender o que levou a essa morte tão violenta”, explicou o delegado ao programa Fantástico, no último domingo (9).

A Linha de Investigação e os Suspeitos

Até o momento, três homens estão sendo investigados pelo homicídio de Vitória. Entre eles, Maicol Antônio Sales dos Santos, que já está preso. Das 16 testemunhas ouvidas, duas apontaram que ele esteve no local do desaparecimento da adolescente na noite do crime.

Uma das testemunhas relatou ter visto o carro de Maicol, um Toyota Corolla prata, próximo ao ponto final do ônibus em que Vitória desceu. O veículo foi apreendido, e um fio de cabelo encontrado no interior do carro passará por exame de DNA para verificar se pertence à vítima. O resultado ainda não saiu.

Outra pessoa contou à polícia que percebeu uma movimentação estranha na casa de Maicol na madrugada do dia 27 de fevereiro. Vale lembrar que, nesse horário, Vitória estaria a caminho de casa, no bairro Ponunduva. O suspeito mora a cerca de 2 km da residência da jovem e a 5 km do local onde seu corpo foi encontrado por um cão farejador da Guarda Civil Municipal (GCM). A região, de difícil acesso, fica na zona rural de Cajamar e é cercada por árvores e estradas de terra.

A polícia pediu a prisão temporária dos três suspeitos, mas a Justiça só autorizou a detenção de Maicol. Os outros dois suspeitos, que também moram em Cajamar, continuam em liberdade.

O Ex-Namorado e um Vídeo Misterioso

Um dos investigados é ex-namorado de Vitória. Ele chegou a prestar depoimento e afirmou que não falava com a adolescente há quatro meses. No entanto, a polícia descobriu que a vítima ligou para ele na noite do desaparecimento. Além disso, dados de geolocalização mostraram que o celular dele estava próximo à casa de Vitória no momento em que ela sumiu. “Ele não mora naquela região. Então, o que ele estaria fazendo ali justamente naquela hora?”, questionou o delegado Luiz Carlos.

Já o terceiro suspeito, cujo nome não foi divulgado, teve o celular apreendido. A polícia recebeu informações de que ele teria gravado um vídeo do ponto de ônibus onde Vitória costumava descer antes de ir para casa. Os peritos estão analisando o aparelho em busca desse material, que pode ser uma peça fundamental para entender o que aconteceu naquela noite.

Os três investigados negam qualquer envolvimento no assassinato. A defesa de Maicol afirmou que só irá se manifestar em momento oportuno. Os advogados dos outros suspeitos não foram localizados.

Os Últimos Momentos de Vitória

As câmeras de segurança registraram Vitória saindo do shopping onde trabalhava e indo para o ponto de ônibus. No caminho, ela enviou mensagens e áudios para uma amiga, relatando que estava com medo de dois rapazes que também estavam no local.

Ao embarcar no ônibus, percebeu que os dois subiram junto com ela. Testemunhas afirmam que, ao chegar ao ponto final, a adolescente desceu sozinha.

Durante o trajeto a pé, por uma estrada de terra, Vitória enviou novos áudios dizendo que um carro passou por ela e que dois homens a assediaram. No entanto, pouco depois, tranquilizou a amiga dizendo que eles tinham entrado em uma favela e que “estava tudo bem”. Essa foi a última comunicação feita pela jovem antes de desaparecer.

O Enterro e a Busca por Justiça

Vitória Regina foi sepultada na quinta-feira (6), em Cajamar, sob forte comoção. O velório ocorreu no ginásio municipal e reuniu familiares, amigos e moradores da cidade, todos inconformados com a crueldade do crime.

A polícia segue trabalhando para identificar quem matou Vitória e quem pode ter encomendado o crime. A principal hipótese é de que mais de uma pessoa esteve envolvida no assassinato.

A população de Cajamar exige respostas e espera que os responsáveis sejam punidos com todo o rigor da lei. O caso segue em investigação e ainda promete novos desdobramentos.