Caso Vitória: Após confessar, criminoso choca ao expor detalhes da morte

O caso do assassinato da jovem Vitória Regina de Souza, de 17 anos, chocou os moradores de Cajamar, na Grande São Paulo. O crime, que ocorreu no final de fevereiro, teve seu desfecho trágico quando o corpo da vítima foi encontrado seis dias após seu desaparecimento, em uma área de mata. O principal suspeito, Maicol Sales dos Santos, de 23 anos, confessou ter cometido o crime, alegando que agiu sozinho.

Em depoimento à polícia, Maicol afirmou que conhecia Vitória e que já havia tido um envolvimento com ela. Na noite do crime, os dois teriam se encontrado enquanto a jovem voltava do trabalho para casa. Segundo ele, uma discussão acalorada fez com que perdesse o controle, levando-o a atacar Vitória com uma faca. Depois do crime, ele escondeu o corpo em uma estrada de terra.

Apesar da confissão, a versão apresentada pelo acusado levantou suspeitas entre os investigadores. A polícia destacou que não há evidências concretas de que Maicol e Vitória mantiveram um relacionamento, contrariando seu relato. Pelo contrário, os agentes apuraram que o jovem tinha um histórico de perseguição contra a vítima, comportamento que pode ter sido o verdadeiro estopim para o crime.

O desaparecimento de Vitória ocorreu no dia 26 de fevereiro. Seus familiares estranharam quando a jovem não retornou para casa no horário habitual e iniciaram buscas por conta própria. O desespero aumentou com o passar das horas, e o caso logo ganhou repercussão na região. Somente seis dias depois, o corpo da jovem foi localizado em um local de difícil acesso, confirmando os temores de sua família.

Com o avanço das investigações, a polícia descobriu evidências perturbadoras no celular de Maicol. Além de diversas fotos de Vitória, o aparelho continha imagens de outras jovens com traços físicos semelhantes aos dela. Esse detalhe reforçou a suspeita de que o acusado nutria uma obsessão doentia pela vítima.

O laudo pericial do Instituto Médico-Legal (IML) revelou que Vitória morreu devido a uma hemorragia intensa, provocada por três perfurações profundas no rosto, no pescoço e no tórax. As lesões foram causadas por um objeto cortante, compatível com uma faca, conforme descrito por Maicol em seu depoimento. A perícia também constatou que não havia sinais de violência sexual ou tortura.

O delegado Luiz Carlos do Carmo, diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que Maicol já vinha perseguindo Vitória há bastante tempo. A confissão do acusado foi considerada um passo importante na elucidação do caso, mas a polícia ainda trabalha para esclarecer algumas contradições em sua narrativa.

As autoridades reforçaram que Maicol agiu sozinho no crime e que sua obsessão doentia por Vitória foi o principal motivo do assassinato. Ele não demonstrou arrependimento durante o interrogatório e manteve sua versão dos fatos, embora os investigadores ainda estejam cruzando informações para entender melhor os detalhes do crime.

A morte de Vitória Regina de Souza gerou comoção entre amigos, familiares e moradores da cidade. A jovem, descrita como estudiosa e trabalhadora, era muito querida por todos que a conheciam. O caso reacendeu debates sobre a violência contra mulheres e o perigo de perseguições, especialmente quando o agressor não aceita a recusa ou o distanciamento da vítima.

Especialistas alertam que o chamado “stalking” — perseguição obsessiva — pode ser um sinal de risco para a segurança da vítima. Em muitos casos, atitudes consideradas “inofensivas” no início podem escalar para violência grave, como ocorreu com Vitória. Em 2021, a perseguição passou a ser tipificada como crime no Brasil, com penas que podem chegar a dois anos de prisão, mas a realidade mostra que ainda há desafios na identificação precoce desses casos.

Agora, Maicol Sales dos Santos aguarda o desenrolar do processo judicial. Enquanto isso, a dor da família de Vitória permanece, e a comunidade local exige justiça para que casos como esse não se repitam.