O caso de Vitória Regina de Souza, que começou como um desaparecimento e terminou em um brutal assassinato, segue cercado de mistérios mesmo após mais de um mês de investigações. A jovem, de apenas 17 anos, foi vista pela última vez no dia 27 de fevereiro, e seu corpo foi encontrado no dia 5 de março, apresentando sinais de tortura. A polícia ainda trabalha para esclarecer todos os detalhes do crime, que chocou a população.
O desaparecimento e os momentos finais de Vitória
Na noite do desaparecimento, Vitória estava retornando do trabalho. Normalmente, seu pai a buscava, já que ela saía tarde, mas naquele dia, precisou pegar um ônibus sozinha. Antes de sumir, chegou a comentar com uma amiga que dois homens estranhos estavam no mesmo coletivo que ela, e que isso a deixava apreensiva. No entanto, após descer do ônibus, afirmou que os suspeitos não a seguiram.
Cinco dias depois, o desfecho foi trágico. O corpo da adolescente foi encontrado com sinais evidentes de violência extrema: cabelos raspados, ferimentos profundos e a cabeça decapitada. Segundo laudos periciais, Vitória foi morta a facadas, com golpes no rosto, pescoço e tórax. A facada próxima ao coração causou uma hemorragia fatal.
A brutalidade do crime chamou a atenção das autoridades e da opinião pública, gerando uma grande mobilização para encontrar o responsável.
Quem são os suspeitos do assassinato?
As investigações tiveram reviravoltas ao longo das semanas. O primeiro suspeito a ser apontado pela Polícia Civil de São Paulo (PCSP) foi Gustavo Vinícius Lira, ex-namorado de Vitória. O depoimento do rapaz apresentava inconsistências, o que levou à sua prisão preventiva. No entanto, poucos dias depois, os investigadores passaram a trabalhar com uma nova linha de raciocínio, e Gustavo acabou sendo descartado como suspeito.
No dia 8 de março, a Justiça de São Paulo emitiu um mandado de prisão temporária para Maicol Antônio Sales dos Santos, de 27 anos. Ele foi apontado como o principal suspeito por várias razões. Primeiro, ele era dono de um Toyota Corolla, veículo que foi visto na cena do crime. Além disso, vizinhos relataram movimentações suspeitas na casa de Maicol na noite do desaparecimento de Vitória.
Quando interrogado, Maicol disse que estava em casa com a esposa no momento do crime. No entanto, a mulher negou essa versão, afirmando que havia passado a noite na casa da mãe. Diante das contradições e das evidências que ligavam o suspeito à cena do crime, ele acabou sendo preso preventivamente. Atualmente, ele é o único suspeito que continua detido.
Outra pessoa chegou a ser investigada: o próprio pai da vítima, Carlos Alberto Souza. Alguns comportamentos dele após a morte da filha chamaram a atenção da polícia. Ele chegou a pedir um terreno ao prefeito de Cajamar, Kauan Berto (PSD), no primeiro encontro que tiveram após o crime. Apesar disso, os investigadores rapidamente descartaram qualquer envolvimento dele no assassinato.
A conexão com a morte de uma idosa
Durante as buscas por Vitória, um outro corpo foi encontrado, o que adicionou um novo mistério ao caso. No dia 3 de março, a polícia localizou o cadáver de Edna Oliveira Silva, de 65 anos, em uma cachoeira entre Cajamar e Jundiaí.
Edna já havia trabalhado como cuidadora na casa da família de Maicol, o que levantou suspeitas de que ela poderia saber algo sobre o crime. Além disso, investigações apontaram que ela tinha uma ficha criminal extensa, com passagens por estelionato, furto e tráfico de drogas.
A princípio, os investigadores acreditavam que poderia haver alguma ligação entre os dois assassinatos, mas até o momento, não há provas concretas de que o crime contra Vitória tenha qualquer relação com a morte da idosa.
A confissão de Maicol e as dúvidas da família
Com o avanço das investigações, Maicol acabou confessando o assassinato. Segundo ele, Vitória teria ameaçado contar à esposa sobre um relacionamento que os dois tiveram no passado, e por isso, ele decidiu matá-la.
Porém, essa versão ainda levanta questionamentos. A defesa de Maicol afirma que ele foi coagido a confessar o crime, o que significa que ele pode não ser o verdadeiro assassino. Essa alegação fez com que a polícia mantivesse algumas frentes de investigação abertas, para garantir que nenhuma outra hipótese fosse descartada.
Próximos passos: a reconstituição do crime
Para esclarecer de vez as contradições que cercam o caso, a Polícia Civil decidiu realizar uma reconstituição do assassinato de Vitória. A família da jovem acredita que ainda há pontos obscuros no depoimento de Maicol e espera que a simulação traga novas respostas.
Por outro lado, a defesa do suspeito já afirmou que ele não participará da reconstituição, o que pode dificultar ainda mais o trabalho da polícia.
O crime de Vitória Regina continua sendo um dos casos mais chocantes do ano e ainda deixa muitas perguntas sem resposta. O que realmente aconteceu naquela noite? Maicol agiu sozinho? Houve outras pessoas envolvidas? Essas são questões que a investigação ainda precisa resolver. Enquanto isso, a família da jovem aguarda por justiça e pelo encerramento desse capítulo trágico.