O desaparecimento da jovem Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, que mobilizou a família e as autoridades desde o dia 26 do mês passado, teve um desfecho trágico. Nesta quinta-feira (6), a polícia encontrou o corpo da adolescente em uma área de mata fechada em Cajamar, na Grande São Paulo. A principal linha de investigação aponta para o ex-namorado como o principal suspeito. A Justiça decretou sua prisão temporária, mas ele segue foragido.
Nos primeiros dias de investigação, o rapaz chegou a ser ouvido e liberado, mas novas evidências indicam que ele pode estar diretamente envolvido no desaparecimento e morte da jovem. O que mais chama atenção é a última conversa entre os dois: Vitória pediu uma carona ao ex-namorado, pois o carro do pai havia quebrado e ela não queria voltar para casa a pé. O trajeto que ela teria percorrido passava por uma estrada de terra, sem iluminação e sem câmeras de segurança, tornando qualquer tipo de monitoramento praticamente impossível.
A descoberta do corpo
Com autorização das autoridades, a equipe de reportagem do SBT acompanhou a Guarda Civil Municipal Ambiental até o local onde o corpo foi encontrado. O cadáver estava a aproximadamente cinco quilômetros da casa da família, em uma área densa de vegetação no bairro Ponunduva. A descoberta foi feita pelos cães farejadores da Guarda Civil de Cajamar.
O delegado Aldo Galiano, responsável pelo caso, revelou detalhes chocantes sobre o estado do corpo: a jovem foi degolada, teve os cabelos raspados e estava vestindo apenas um sutiã. Devido ao avançado estado de decomposição, estima-se que a morte tenha ocorrido entre quatro e cinco dias antes da localização do corpo. A identificação foi feita pelos familiares, que reconheceram Vitória por uma tatuagem e pelo piercing que ela usava no nariz.
Até o momento, 14 pessoas já prestaram depoimento, entre testemunhas e possíveis suspeitos. No entanto, o ex-namorado, apontado como o principal envolvido, não foi mais localizado desde que a Justiça decretou sua prisão temporária.
As últimas mensagens de Vitória
Vitória trabalhava como operadora de caixa em um restaurante de shopping na região central da cidade. Sua rotina era cansativa, e, como saía tarde do trabalho, normalmente contava com o pai para buscá-la no ponto de ônibus. Na noite do desaparecimento, o carro da família estava quebrado, e ela precisou fazer o trajeto sozinha.
O percurso não era curto: cerca de uma hora, envolvendo dois ônibus. Enquanto esperava pelo primeiro coletivo, enviou uma mensagem preocupante para uma amiga: “Tem uns meninos aqui do meu lado, tô com medo.”
Ela estava no bairro de Polvilho e seguiria para Ponunduva, onde morava. Quando o ônibus chegou, avisou que os mesmos rapazes haviam embarcado: “Os dois pegaram, o outro acabou de vir pra trás.”
As câmeras de segurança registraram esse momento. Vitória aparece no ponto de ônibus, cercada por alguns rapazes. Em seguida, embarca no coletivo. Pouco depois, tenta tranquilizar a amiga: “Amiga, tá de boa, nenhum desceu no mesmo ponto que eu, então tá de boaça.”
No entanto, a tensão voltou quando Vitória notou um carro estranho rondando a área. Em áudios, contou para a amiga que o veículo passou devagar ao seu lado e os ocupantes a chamaram de “vida”, o que a deixou assustada. Testemunhas relataram ter visto esse mesmo carro estacionado perto do ponto onde Vitória desceu pela última vez.
As autoridades analisaram o veículo e utilizaram um sistema de reconhecimento de impressões digitais para cruzar informações com a base de dados da polícia. Paralelamente, o motorista do ônibus foi ouvido e confirmou que Vitória desceu sozinha no ponto de sempre, em uma estrada de terra na área rural de Ponunduva.
Investigação e busca pelo suspeito
Agora, os investigadores correm contra o tempo para encontrar o ex-namorado, que desapareceu após prestar depoimento. Familiares e amigos da vítima clamam por justiça e cobram respostas das autoridades.
O caso levanta questionamentos importantes sobre a segurança de jovens que dependem do transporte público, especialmente em áreas afastadas e pouco iluminadas. Infelizmente, situações como essa não são incomuns no Brasil, onde mulheres frequentemente enfrentam riscos ao voltarem para casa sozinhas.
Nos últimos meses, diversos casos semelhantes ganharam destaque na mídia, reacendendo debates sobre a necessidade de políticas públicas que garantam maior segurança nas ruas e no transporte público. Enquanto isso, a família de Vitória vive o luto e a angústia de saber que o principal suspeito ainda não foi capturado.
A investigação segue em andamento, e a polícia pede que qualquer informação sobre o paradeiro do ex-namorado da vítima seja repassada anonimamente às autoridades.