Na tarde desta sexta-feira (7), três suspeitos de envolvimento na morte de Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, foram conduzidos à Delegacia Seccional de Franco da Rocha, onde prestaram depoimento à polícia. A expectativa dos investigadores é que, com essas oitivas, seja possível esclarecer detalhes do planejamento do crime e identificar com precisão todos os responsáveis.
Uma das principais evidências que reforçam a linha de investigação da polícia é a descoberta de um fio de cabelo da jovem no interior de um veículo periciado. O carro, que pode ter sido usado no crime, já está sob análise detalhada da perícia técnica.
Vingança Como Possível Motivação
A brutalidade do assassinato levou os investigadores a trabalharem com a hipótese de crime por vingança, uma possibilidade que ganha força conforme novas informações vêm à tona. O corpo de Vitória foi encontrado na última quarta-feira (5), em uma área de mata em Cajamar (SP), apresentando sinais de tortura e extrema violência.
O envolvimento de facções criminosas, incluindo o Primeiro Comando da Capital (PCC), também está sendo considerado. Segundo a polícia, o nível de crueldade praticado sugere uma execução típica de organizações criminosas. Ferimentos encontrados no corpo da jovem são compatíveis com métodos de agressão frequentemente utilizados por facções.
Ex-Namorado Sob Suspeita
Entre os investigados, um nome chama atenção: Gustavo Vinícius, ex-namorado de Vitória. Contradições em seu depoimento reforçaram as suspeitas sobre sua possível participação no crime. O delegado Aldo Galiano Junior afirmou que há provas concretas da presença de Gustavo nas proximidades do local do crime.
Um dos pontos que levantaram suspeitas foi a inconsistência no relato sobre o uso de um veículo que pode ter sido usado no sequestro de Vitória. Inicialmente, Gustavo alegou que havia emprestado o carro a um amigo, mas depois mudou sua versão, o que colocou seu depoimento em xeque. O advogado da família da vítima também confirmou as divergências na fala do ex-namorado.
Além disso, um fato chamou atenção dos investigadores: o próprio Gustavo procurou a polícia espontaneamente, alegando medo de ser morto pelos outros suspeitos. Para os delegados, esse comportamento pode indicar que ele teme represálias de seus cúmplices. Ainda assim, as autoridades seguem analisando todas as hipóteses, sem descartar outras motivações para o crime.
A Linha do Tempo da Tragédia
O desaparecimento e a morte de Vitória causaram comoção em Cajamar e mobilizaram a cidade em busca de respostas. Tudo começou na noite de 26 de fevereiro, quando a jovem saiu do trabalho, localizado em um shopping da região, e pegou um ônibus para voltar para casa.
Durante o trajeto, ela enviou mensagens de texto para uma amiga, relatando que estava com medo. Vitória contou que percebeu dois homens suspeitos seguindo-a. Testemunhas também afirmaram ter visto um carro com quatro ocupantes circulando pela área no momento em que a jovem desceu do coletivo.
Após seu desaparecimento, buscas intensas foram realizadas por familiares, amigos e pela polícia. Equipes especializadas, incluindo cães farejadores e drones, percorreram áreas de difícil acesso na tentativa de encontrar pistas.
A angústia terminou em 5 de março, quando o corpo de Vitória foi descoberto em avançado estado de decomposição. Além das marcas de violência, a jovem estava sem roupas e com a cabeça raspada, um detalhe que chocou os investigadores e reforçou a tese de crime premeditado.
Investigação e Comoção Popular
Desde a descoberta do crime, a Delegacia de Polícia de Cajamar assumiu o caso e vem trabalhando intensamente na apuração. Até o momento, mais de 11 testemunhas já prestaram depoimento, e dois veículos foram apreendidos para perícia.
Mesmo com os fortes indícios contra Gustavo Vinícius, ele não chegou a ser preso. A equipe de investigação solicitou a prisão temporária do ex-namorado de Vitória, mas o pedido foi negado pela Justiça.
A cidade de Cajamar está mobilizada, e o caso tem gerado grande repercussão nas redes sociais. No enterro da jovem, realizado sob forte comoção, amigos, familiares e moradores da região entoaram gritos de “justiça”, exigindo que os responsáveis sejam identificados e punidos com o rigor da lei.
A polícia segue analisando todas as provas, e novas prisões podem ocorrer a qualquer momento. O objetivo é garantir que Vitória não seja apenas mais uma estatística, mas sim um símbolo de luta por justiça e segurança para todas as mulheres.