Octogenária de Roca Sales aguardou 9 horas presa em parreira até ser resgatada. Elma Clara de Souza, com 99 anos de idade, saiu da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital São Camilo, em Encantado, no sábado (8), e foi transferida para um quarto.
Uma senhora de 99 anos aguardou por 9 horas, segurando-se em uma parreira, após a inundação causada pela passagem de um ciclone extratropical em Roca Sales, no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. Elma Clara de Souza, aposentada, precisou ser resgatada por um helicóptero e foi conduzida ao Hospital São Camilo, em Encantado, devido à hipotermia.
No dia 9 de setembro, ela foi liberada da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e transferida para um quarto. Residente no município há trinta anos, a senhora compartilhou com a equipe da RBS TV que não imaginava que a água chegaria a inundar sua casa. Um jovem, que ocasionalmente vem cortar a grama, entrou e me informou: ‘Dona Elma, está entrando água’, ao que eu respondi: ‘Não está entrando água aqui’. Quando percebi, a água já estava inundando o meu quarto de todos os lados”, relata a senhora. A inundação deixou a residência completamente destruída, e foi uma cuidadora que auxiliou Elma a chegar ao local onde aguardou pelo resgate.
“Permaneci em prece. Minha cuidadora e eu cantamos ‘mãezinha do céu, nos ajuda’ e ficamos ali”, relembra a aposentada. Nesta segunda-feira, dia 11, Elma se reencontrou com sua cuidadora, Carmem Beatriz Bedhun. A profissional relata que viveram momentos de grande tensão enquanto a água continuava a subir.
“O homem que nos salvou colocou uma tampa de ferro sobre aquela parreira e nos apoiou ao lado, para nos manter seguras. Eles seguraram os braços dela, enquanto eu ajudei a estabilizar as pernas”, relata Carmem. O diretor técnico da UTI acredita que em poucos dias a idosa poderá receber alta hospitalar.
Até o dia de hoje, já foram registradas 46 mortes devido às enchentes e tempestades que atingiram o estado durante a semana. A passagem do ciclone gerou um prejuízo estimado em R$ 1,3 bilhão, conforme a Confederação Nacional de Municípios. Os estabelecimentos locais sofreram perdas no valor de R$ 423,8 milhões. O Governo Federal anunciou um auxílio de R$ 800 por pessoa afetada às prefeituras.
De acordo com o mais recente levantamento divulgado pela Defesa Civil, 46 indivíduos ainda permanecem desaparecidos, e mais de 25 mil residentes estão desabrigados. As autoridades estimam que cerca de 340 mil pessoas tenham sido afetadas pelos impactos deste desastre.
O Corpo de Bombeiros de Caraá resgatou Roseli Rodrigues Pereira, de 58 anos, após ela passar 36 horas em cima de uma árvore, durante a passagem do ciclone extratropical que causou estragos no estado. Roseli foi localizada a 20 quilômetros de sua casa. O município, que tem 8 mil habitantes e fica a 90 km de Porto Alegre, foi o mais afetado do estado, com cinco vítimas fatais.
“Desde o momento em que a minha casa desabou, eu estava segurando a mão do meu marido. A água me levou para um lado e ele foi levado para o outro, mas ele não foi muito longe, sabe? Eu fui descendo e afundando, mas consegui me segurar em uma tábua, onde consegui me firmar. Não sei nadar, mas tinha certeza de que conseguiria boiar. Fui encontrada agarrada a uma árvore,” relata Roseli.