Como a identidade do doador do coração de Faustão foi descoberta, apesar da proibição?

Como a identidade do doador do coração de Faustão veio a público, mesmo havendo a proibição de divulgação? No dia seguinte, já era de conhecimento geral que o órgão pertencia a Fábio Cordeiro, um jogador de futebol que havia sofrido um AVC.

Entre janeiro e setembro deste ano, o Brasil conduziu, em média, 24 transplantes de órgãos diariamente, muitos dos quais provenientes de doadores falecidos. Em geral, a identidade desses doadores não é revelada às famílias dos receptores, e vice-versa. No entanto, no caso do apresentador Fausto Silva, que recebeu um coração, a situação foi distinta.

O artigo 52 do decreto nº 9.175/2017, que regula a lei nº 9.434/1997, referente à disponibilização de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano para transplante e tratamento, estipula que, no caso de doação post mortem (após o falecimento), a identidade dos doadores será preservada em relação aos seus receptores, bem como dos receptores em relação às famílias dos doadores.

Essa restrição de divulgar a identidade aplica-se tanto aos estabelecimentos de saúde participantes quanto às centrais de transplantes.

No domingo, 27 de agosto, quando o transplante foi realizado em Faustão, já era de conhecimento que um coração havia sido transportado de helicóptero da Baixada Santista, especificamente do campo do time de futebol Portuguesa Santista, para o Hospital Israelita Albert Einstein, onde o apresentador estava hospitalizado.

Naquele momento, Faustão ocupava a segunda posição na lista de espera, porém, a equipe médica do primeiro paciente da lista optou por não aceitar o órgão.

No meio da tarde, o hospital anunciou que o transplante tinha sido concluído com sucesso em Faustão. No dia seguinte à cirurgia, foi revelado que o coração de Fábio Cordeiro da Silva, um jogador de futebol de 35 anos que sofreu um AVC, havia sido doado, juntamente com outros de seus órgãos.

No entanto, a divulgação do nome do doador não ocorreu através de canais oficiais. Existe apenas uma conexão temporal entre a doação do coração e sua chegada ao hospital onde Faustão estava internado.

“Todos os indícios apontam que o coração foi para o Faustão. Pelo horário e pelo momento em que o helicóptero pousou lá, eu acredito que tenha sido assim”, afirmou José Pereira, que é o pai do doador, em uma entrevista exclusiva à Record TV.

No início do mês de agosto, Faustão foi admitido no hospital devido a uma condição de insuficiência cardíaca. No dia 8 de agosto, foi incluído na lista de espera para um transplante cardíaco. Atualmente, ele está internado e sua recuperação está seguindo conforme as expectativas da equipe médica.

Neste último domingo, 3 de setembro, a família do apresentador Fausto Silva protagonizou uma campanha do Ministério da Saúde para promover a conscientização sobre a doação de órgãos no Brasil. O vídeo da campanha, intitulado Setembro Verde, foi compartilhado no Instagram e contou com a participação da esposa de Faustão, Luciana Cardoso, bem como dos filhos João Guilherme, Rodrigo e Lara. Eles se uniram para compartilhar a experiência que o pai viveu nas últimas semanas, uma experiência que mobilizou todo o país.

No vídeo, os quatro membros da família expressam seu compromisso em alterar a perspectiva do Brasil em relação a este tema. “Órgãos não vão para o céu. Eles têm uma segunda missão na Terra, que é auxiliar aqueles que precisam”, destacou João Guilherme Silva no vídeo.