Dino nega pedido de Chiquinho Brazão e mantém a cassação do ex-deputado

Decisão do STF Mantém Cassação de Chiquinho Brazão

Na última terça-feira, dia 18, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), tomou uma decisão que repercutiu amplamente na política brasileira. Ele negou o pedido de defesa do ex-deputado Chiquinho Brazão, mantendo assim a cassação do seu mandato. Essa decisão vem à tona em um contexto delicado, onde a figura do ex-deputado está associada a um dos crimes mais chocantes da política brasileira, o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018.

Contexto do Caso

Chiquinho Brazão foi preso preventivamente em março de 2024, após investigações que o ligaram ao crime que abalou o Brasil. A morte de Marielle Franco, uma defensora dos direitos humanos e uma voz importante na luta contra a desigualdade, gerou uma onda de protestos e clamores por justiça. A prisão de Brazão foi um desdobramento esperado, mas o processo para a cassação de seu mandato se tornou um verdadeiro teste para a ética parlamentar.

Logo depois de sua prisão, em abril, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados declarou a perda de seu mandato, justificando a decisão pela falta de comparecimento às sessões. Isso trouxe à tona a questão da presença física dos parlamentares, um ponto destacado pelo ministro Dino em sua decisão. Ele afirmou que o regimento interno da Câmara reflete a disciplina constitucional sobre a perda de mandato, e que a presença física deve ser a regra, somente permitindo o trabalho remoto em situações excepcionais.

O Processo no Conselho de Ética

Além da cassação determinada pela Mesa Diretora, Chiquinho Brazão enfrentou um processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em abril de 2024, o PSOL, partido de Marielle, acionou esse conselho, alegando que o deputado havia quebrado o decoro parlamentar ao supostamente ser um dos mandantes do assassinato. O Conselho de Ética, após análises, aprovou a perda de mandato, e o caso foi enviado ao plenário da Câmara em setembro do mesmo ano.

No entanto, o processo ainda se encontra parado. O presidente da Câmara, Hugo Motta, não colocou o item na pauta de votações, o que gerou críticas e questionamentos sobre a transparência e a ética dentro da própria Câmara. Para que a perda de mandato fosse efetivada, seriam necessários os votos de pelo menos 257 deputados, e essa situação tem se arrastado, fazendo com que muitos se perguntem sobre a real vontade política de dar prosseguimento a esse processo.

Implicações e Consequências

Se aprovada a perda de mandato, Chiquinho Brazão se tornaria inelegível por oito anos, conforme determinado pela Lei da Ficha Limpa. Essa legislação foi criada para evitar que políticos com problemas éticos ou legais possam se candidatar a cargos públicos, refletindo uma tentativa de melhorar a imagem da política brasileira após diversos escândalos de corrupção. A situação de Brazão é um claro exemplo de como a legislação pode ser aplicada, mas também levanta dúvidas sobre a eficácia desses mecanismos.

Reflexões Finais

A decisão do STF é um marco importante, não apenas para o caso de Chiquinho Brazão, mas para a política brasileira como um todo. A manutenção da cassação do mandato sinaliza que a justiça está disposta a agir em casos de grave violação ética, especialmente quando se trata de crimes tão hediondos quanto o assassinato de uma figura pública como Marielle Franco. Isso cria um precedente que pode dificultar a impunidade de políticos envolvidos em crimes, mas também levanta questões sobre a forma como a política deve funcionar e como os parlamentares devem se comportar.

À medida que o caso avança e novos desdobramentos podem ocorrer, é essencial que a sociedade civil permaneça atenta e engajada, exigindo transparência e responsabilidade dos seus representantes. O debate sobre ética parlamentar nunca foi tão necessário, e a luta por justiça continua a ser um caminho desafiador, mas fundamental para a construção de um país mais justo e igualitário.