Testemunho de dona de casa sobre a experiência de receber um órgão em menos de 24 horas após inclusão na lista do SUS. Uma residente da periferia de Campinas (SP) relembra um episódio ocorrido há nove anos, quando uma condição médica que a acompanhou desde a juventude se agravou, levando-a a necessitar de um novo coração. O tempo de espera foi até menor do que o do apresentador Faustão, por exemplo.
Residente na periferia de Campinas (SP), Maura Souza dos Santos Silva personifica a significância das doações de órgãos. Há nove anos, recebeu um novo coração, ganhando a oportunidade de um “renascimento”, após sua condição de saúde, carregada desde a juventude, se agravar e a inclusão na lista de transplantes do SUS se tornar necessária. Um intervalo de menos de 24 horas entre a angústia e o alívio marcou esse episódio.
Maura destaca: “Até mesmo os médicos estavam incrédulos. Eles afirmaram que eu era a primeira pessoa a receber um coração em apenas 17 horas. E tudo isso aconteceu por meio do SUS, no Instituto do Coração.”
A rapidez com a qual dona Maura recebeu o novo coração é notável, superando até mesmo a situação do apresentador Fausto Silva, que gerou grande repercussão nas redes sociais. Enquanto Faustão ficou internado desde 5 de agosto e passou pelo transplante cardíaco no último domingo (27), sendo colocado em segundo lugar na lista de espera, Maura teve uma experiência de agilidade surpreendente.
Mirian Souza, atendente de 23 anos de idade e filha de Maura, destaca: “O gesto da família [do doador] salvou minha mãe. Quando eu era criança, tinha um grande medo de perdê-la. A doação é de extrema importância. Caso algo aconteça comigo, quero que tudo seja doado para salvar vidas.”
A filha, na verdade, guarda simbolicamente essa renovação da mãe. Uma tatuagem que retrata um coração com flores em pleno desabrochar, acompanhado da data 15 de agosto do ano de 2014, perpetua esse momento para comemorar. Ela explica: “Decidi fazer essa tatuagem para que a data em que ela renasceu ficasse registrada, como o dia em que ela ganhou uma nova vida.”
Maura teve conhecimento precoce de sua condição de portadora da Doença de Chagas, após enfrentar episódios frequentes de dispneia, desmaios e fadiga. Aos 20 anos de idade, a implantação de um marcapasso se tornou necessária, proporcionando-lhe assistência cardíaca durante um período de 18 anos.
Ela relembra: “Experimentei muita dificuldade para respirar e extrema exaustão, até mesmo para realizar tarefas simples como tomar banho. Foi então que precisei adotar um marcapasso para auxiliar meu coração. No entanto, chegou um momento em que essa medida já não surtia mais efeito. Passei por internações para exames, tentativas de encontrar uma solução alternativa, ajustes no marcapasso, mas infelizmente, não foi possível contornar a situação”, compartilha a dona de casa.
Diante da situação crítica, os profissionais médicos do Instituto do Coração determinaram que Maura estava necessitando de um transplante e procederam à sua inclusão na lista de espera do SUS. No entanto, eles não tinham a mínima noção de que a solução se manifestaria tão rapidamente.
Ela relata com emoção: “Recebi a notícia na tarde de uma quinta-feira e, no dia seguinte, às 5 da manhã, fui informada de que um coração estava a caminho. O transplante foi realizado, e já no sábado, me vi sentada na poltrona. Deus é incrível”, declara Maura.
De acordo com Maura, após o transplante, sua única razão para retornar ao hospital é para consultas de acompanhamento de praxe. Ela segue rigorosamente o tratamento medicamentoso prescrito e assegura que está completamente apta para se envolver em qualquer atividade.
Ela destaca com entusiasmo: “Nunca mais enfrentei qualquer contratempo. Retomei minhas atividades normais, pedalo dentro de casa, realizo tarefas de limpeza. Sinto-me como qualquer outra pessoa. A falta de ar é algo que não me assola mais”, ressalta.