‘Ele foi herói a vida inteira’, desabafa irmã sobre piloto que não resistiu após avião cair em Ubatuba

Nesta sexta-feira, 10 de janeiro, amigos e familiares se despediram de Paulo Seguetto, o experiente piloto de 55 anos que perdeu a vida em um trágico acidente aéreo ocorrido no dia anterior, em Ubatuba, litoral de São Paulo. O velório, realizado em Ribeirão Preto, cidade natal de Paulo, trouxe momentos de forte comoção e memórias que evidenciaram sua paixão pela aviação.

Entre os presentes, Maria Auxiliadora Seguetto, irmã mais velha de Paulo, compartilhou palavras emocionantes sobre a relação que tinha com ele. “Meu irmão amava o que fazia, muito, muito mesmo”, recordou. Em tom de saudade e orgulho, relembrou uma conversa marcante que tiveram: “Depois de um acidente de avião, liguei para ele preocupada, com um aperto no coração. Ele me respondeu: ‘Minha irmã, se eu morrer voando, vou morrer feliz.’” Visivelmente abalada, concluiu: “Ele foi um herói a vida inteira.”

Tragédia em Ubatuba

O acidente aconteceu na tarde de 9 de janeiro, na Praia do Cruzeiro, quando a aeronave pilotada por Paulo ultrapassou o fim da pista do aeroporto e explodiu ao atingir a faixa de areia. A bordo, além do piloto, estavam um casal e duas crianças. Graças à rápida intervenção de equipes de resgate, todos os passageiros foram retirados com vida e levados ao hospital para atendimento. Paulo, no entanto, ficou preso nas ferragens e, apesar do esforço das equipes médicas, não resistiu aos ferimentos.

A perícia foi acionada para investigar as causas do acidente. Especialistas examinam fatores como falha mecânica, possíveis condições adversas de vento ou erro humano, mas um relatório conclusivo ainda deve demorar algumas semanas.

Uma vida dedicada aos céus

Paulo Seguetto começou sua trajetória na aviação muito jovem e construiu uma carreira marcada pelo profissionalismo e amor pela pilotagem. Durante anos, trabalhou como co-piloto na Passaredo — atualmente Voepass —, mas estava afastado da empresa há mais de uma década. Mesmo fora das linhas comerciais, ele continuava voando, mantendo vivo o espírito aventureiro que o definia.

Com a morte de Paulo, a família Seguetto enfrenta seu segundo luto em menos de seis meses, após a recente perda do patriarca. O peso da tristeza acumulada foi sentido por todos os presentes no velório, onde abraços silenciosos e olhares marejados expressavam a dor que palavras não conseguem transmitir.

O adeus e o legado

O corpo de Paulo chegou a Ribeirão Preto ainda na madrugada de sexta-feira, após uma viagem de 500 quilômetros desde o litoral. O trajeto, que durou cerca de seis horas, marcou o retorno de um filho que partiu cedo demais. O velório começou às 7h e reuniu colegas de profissão, familiares e amigos de longa data, todos unindo-se para prestar a última homenagem ao piloto.

O enterro estava marcado para as 13h, e a expectativa era de que um grande número de pessoas participasse da cerimônia. “Paulo era um homem generoso e apaixonado pelo que fazia. Ele inspirava todos ao seu redor com sua energia e histórias sobre voos”, comentou um amigo próximo.

A partida de Paulo Seguetto é uma perda irreparável, mas seu legado, feito de coragem, paixão e dedicação, continuará vivo na memória de quem o conheceu e nas histórias que ele deixou para trás. Em cada decolagem, em cada som de motor de avião que rasga o céu, aqueles que o amaram lembrarão de seu espírito livre e do sorriso sereno de quem encontrou felicidade nas alturas.