Uma idosa envergonhada simulou um sequestro como forma de evitar revelar um calote de R$ 50 mil relacionado ao golpe conhecido como “bilhete premiado”. A vítima foi abordada por uma pessoa desconhecida na rua, que afirmou ter ganhado R$ 17 milhões na loteria. Essa pessoa propôs à senhora transferir o dinheiro para ela, prometendo retribuir o dobro do valor.
Uma mulher idosa de 65 anos relatou ter sido vítima de um roubo seguido de sequestro, ocorrido ontem (27) em Campo Grande (MS), com o intuito de esconder o fato de ter sido enganada pelo golpe do ‘bilhete premiado’. A versão foi apresentada na Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), que inicialmente classificou o incidente como um “roubo com restrição de liberdade”.
Durante o depoimento na delegacia, a mulher mencionou que se deparou com uma conhecida enquanto caminhava pela rua, e decidiram solicitar um serviço de transporte por aplicativo para irem juntas ao banco. Durante o percurso, a senhora relatou que o motorista anunciou um assalto, encontrou um extrato bancário em sua bolsa e a coagiu a realizar uma transferência bancária em seu favor. De acordo com o relato da idosa, o suspeito ameaçou causar danos à sua irmã caso ela não efetuasse a transação.
De acordo com o delegado encarregado, Fábio Peró, as investigações revelaram inconsistências no depoimento prestado pela mulher. Nesta quarta-feira (28), após ser submetida a pressão policial, a idosa finalmente admitiu a verdade.
“Ela confessou que inventou essa história fictícia do roubo devido à vergonha que sentia diante de seus familiares. Na realidade, ela foi vítima do golpe do bilhete premiado”, destacou o delegado.
A pessoa que a idosa inicialmente descreveu como sua amiga revelou-se, na verdade, um membro da quadrilha que a abordou nas proximidades da igreja Perpétuo Socorro, no centro de Campo Grande. Essa indivídua assumiu uma identidade falsa, apresentando-se como Maria.
O delegado afirmou que a alegada amiga nunca existiu. A mulher se aproximou da vítima e a cumprimentou, dizendo: “Oi, tudo bem? Sou a Maria”. Em resposta, a própria vítima perguntou: “Qual Maria? A de Bandeirantes?” e a mulher concordou.
Logo em seguida, a estelionatária afirmou ter sido contemplada com uma premiação de R$ 17 milhões na loteria, porém, estava sem seus documentos e necessitava da ajuda de alguém para acompanhá-la até o banco e efetuar o saque. Durante a conversa, a senhora acabou revelando que possuía mais de R$ 50 mil em sua conta bancária, quantia que havia economizado.
A criminosa, então, sugeriu que ambas fossem ao banco utilizando um veículo de aplicativo, a fim de realizar a transferência. Além disso, prometeu que, caso a vítima conseguisse resgatar o prêmio, ela receberia o dobro do valor, ou seja, R$ 100 mil.
Nesse instante, surgiu o cúmplice da fraudadora em um veículo e se apresentou como motorista de um aplicativo. Eles a conduziram até o banco, onde a senhora efetuou a transferência, e em seguida os criminosos a deixaram nas proximidades de sua residência.
Ao perceber o golpe, a vítima prontamente procurou as autoridades policiais. Segundo o delegado responsável, o automóvel utilizado no crime já foi identificado e, atualmente, a equipe está em busca dos dois delinquentes, não descartando a possibilidade de haver envolvimento de outras pessoas.