O jornalismo do SBT teve acesso exclusivo ao vídeo do depoimento de Maicol dos Santos, onde ele confessa o assassinato de Vitória Regina de Souza, de 17 anos. A gravação, feita durante seu interrogatório na delegacia de Cajamar, na Grande São Paulo, mostra o momento em que o suspeito admite a autoria do crime e revela sentir um certo alívio por contar a verdade. “Agora, é o primeiro passo para você resolver isso”, disse ele ao final do depoimento.
A confissão gravada se tornou uma peça fundamental para a investigação, pois serve como prova técnica de que Maicol falou de forma espontânea, sem qualquer tipo de coerção. Esse ponto contraria diretamente a versão apresentada por sua defesa, que alega que ele teria sido pressionado a admitir o crime.
Os detalhes do crime e o medo da verdade vir à tona
No depoimento, Maicol foi questionado sobre os acontecimentos daquela noite. Inicialmente, ele se limitou a respostas curtas e vagas. “Saí, pensei que ela já ia chegar lá”, afirmou. Quando os policiais perguntaram onde ele encontrou a jovem, ele respondeu apenas: “Lá, no ponto.”
Ao longo da conversa, ele acabou revelando o motivo que o levou a cometer o assassinato. Segundo Maicol, ele temia que Vitória revelasse à sua esposa que os dois mantinham um suposto relacionamento. Quando questionado sobre o que mais o preocupava, ele respondeu sem hesitar: “De perder minha esposa.”
No entanto, os investigadores acreditam que essa versão não corresponde à realidade. De acordo com a polícia, Vitória nunca teve qualquer envolvimento com Maicol. Na verdade, as provas reunidas indicam que ele a perseguia há meses.
Essa suspeita se fortaleceu após a perícia analisar o celular do acusado. Nele, foram encontradas diversas imagens de Vitória, além de fotos de outras mulheres com características físicas semelhantes às dela. Esse padrão sugere um comportamento obsessivo por parte do criminoso.
Como Maicol rastreou Vitória até o ponto de ônibus
Os investigadores também descobriram que Maicol monitorava os passos de Vitória pelas redes sociais. Ele acompanhava suas postagens e sabia onde ela costumava estar. No dia do crime, ele fez uma captura de tela de uma publicação da jovem e, em seguida, saiu de carro para encontrá-la.
A polícia acredita que, ao localizar a garota no ponto de ônibus, ele a abordou e a forçou a entrar no veículo. Dentro do carro, Maicol desferiu diversos golpes de faca contra Vitória, que não teve qualquer chance de defesa. Depois do assassinato, ele dirigiu até uma área isolada e abandonou o corpo em um matagal.
O crime gerou forte comoção entre familiares e amigos da vítima. A jovem era descrita como uma pessoa alegre, cheia de sonhos e muito querida por todos. Sua morte prematura causou revolta e trouxe à tona debates sobre feminicídio e a segurança das mulheres no Brasil.
Prisão e tentativas frustradas de liberdade
Desde sua prisão, Maicol já tentou obter liberdade por meio da Justiça. Seus advogados apresentaram dois pedidos de soltura, ambos negados. A justificativa para as recusas foi a gravidade do crime e o risco de fuga, já que ele demonstrou frieza e premeditação ao cometer o assassinato.
A polícia segue analisando o comportamento do acusado para entender sua real motivação e avaliar se ele apresenta algum transtorno mental que possa ter influenciado sua conduta. No entanto, até o momento, os investigadores consideram que Maicol estava plenamente consciente de seus atos.
Enquanto isso, familiares de Vitória lutam para que ele seja julgado e condenado com a pena máxima prevista pela lei. A comunidade local também se mobilizou para prestar homenagens à jovem e cobrar justiça, reforçando a importância do combate à violência contra as mulheres.
O caso segue em investigação e deve ser levado a julgamento nos próximos meses.