Feminicídio: filha descobriu que mãe estava morta ao tentar acordá-la

O último sábado (29/3) foi marcado por uma tragédia familiar na região da Fercal, no Distrito Federal. Dayane Barbosa Carvalho, de 34 anos, foi assassinada dentro de casa pelo próprio marido, Jovercino Antônio de Oliveira, de 39 anos. O que torna o caso ainda mais doloroso é que o corpo da vítima foi encontrado pela filha do casal, uma adolescente de 13 anos, que acreditava que a mãe apenas estivesse dormindo. Ao tentar acordá-la, a menina percebeu que algo estava errado e, ao tocar na mãe, constatou que ela não respirava mais.

O crime, que chocou familiares e vizinhos, teve um desfecho ainda mais trágico. Horas depois de assassinar Dayane, Jovercino foi encontrado sem vida às margens do Rio Bananal. Ele tirou a própria vida por enforcamento. O corpo foi avistado por ciclistas que passavam pelo local e acionaram a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).

Uma tragédia descoberta por acaso

A morte de Dayane só foi descoberta porque os parentes tentavam entrar em contato com ela para informar sobre o suicídio do marido. Como não obtiveram resposta, insistiram nas ligações, até que um dos filhos do casal atendeu. Sem desconfiar da tragédia que já havia ocorrido, a criança disse aos familiares que a mãe estava dormindo. Foi então que a filha mais velha resolveu verificar o que estava acontecendo e se deparou com a cena aterrorizante: a mãe sem vida, possivelmente já morta há horas.

A polícia foi acionada imediatamente e, ao chegar ao local, encontrou os três filhos do casal — de 7, 13 e 16 anos — ainda em estado de choque. O impacto da perda dos pais de maneira tão brusca e violenta deixou os familiares devastados.

O que se sabe até agora?

De acordo com o delegado-chefe da 35ª Delegacia de Polícia de Sobradinho II, Ricardo Viana, o casal não tinha histórico de ocorrências policiais. No entanto, informações preliminares indicam que os dois discutiram na noite anterior ao crime.

“Houve uma discussão na noite anterior, e, por volta das 6h30 da manhã de sábado, o homem saiu de casa conduzindo uma motocicleta. A perícia foi realizada no local, mas não conseguiu determinar o instrumento que causou a morte de Dayane. O que se sabe até agora é que a vítima apresentava lesões na face”, relatou o delegado.

Um ciclo de violência invisível?

Apesar de não haver registros de violência doméstica anteriores, especialistas alertam que muitos casos de feminicídio ocorrem dentro de relacionamentos abusivos que nunca chegam ao conhecimento da polícia. Muitas mulheres sofrem agressões físicas e psicológicas sem denunciar por medo, vergonha ou até mesmo por acreditarem que o agressor pode mudar. Infelizmente, a história de Dayane pode ser mais um exemplo de um ciclo de violência silencioso que terminou da pior maneira possível.

A morte da jovem mãe deixa uma dor irreparável para os filhos e familiares. Três crianças agora enfrentam a perda dos pais de uma maneira brutal, o que levanta também a preocupação sobre como essas vítimas indiretas da violência doméstica serão amparadas daqui para frente.

O feminicídio no Brasil

Casos como o de Dayane não são isolados. O feminicídio segue sendo um dos crimes mais alarmantes no Brasil. Segundo dados recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, só em 2023, mais de 1.400 mulheres foram mortas por companheiros ou ex-companheiros no país. O mais preocupante é que muitos desses crimes poderiam ter sido evitados se houvesse uma rede de proteção mais eficiente para as vítimas.

Campanhas de conscientização, redes de apoio e políticas públicas de combate à violência contra a mulher são essenciais para evitar que tragédias como essa se repitam. Entretanto, o medo e a falta de suporte ainda impedem muitas mulheres de denunciar seus agressores a tempo.

O que pode ser feito?

Se você conhece alguém que está em um relacionamento abusivo ou se sente ameaçada dentro da própria casa, é fundamental buscar ajuda. Existem serviços especializados que oferecem suporte psicológico, jurídico e assistencial para vítimas de violência doméstica, como o Disque 180, que funciona 24 horas por dia.

Além disso, é essencial que amigos, familiares e vizinhos fiquem atentos a sinais de agressão, controle excessivo ou isolamento da vítima. Pequenas atitudes podem salvar vidas e impedir que novas tragédias aconteçam.

O caso de Dayane Barbosa Carvalho não pode ser apenas mais um número nas estatísticas. Ele deve servir como alerta para que a sociedade entenda a gravidade do feminicídio e a necessidade urgente de combater essa violência que destrói famílias e deixa marcas irreparáveis.