Um júri popular em Natal absolveu um filho que admitiu ter envenenado e causado a morte de seu próprio pai idoso, que estava sofrendo de um câncer terminal. O crime ocorreu em maio do ano de 2017, e a defesa do filho alegou que ele agiu movido pelo desespero diante do sofrimento do seu pai. A defesa também tentou demonstrar a relação próxima entre os dois e a ausência de motivos dele para desejar a morte do seu pai.
O filho que estava sendo acusado de ter utilizado veneno de rato para matar seu próprio pai em Natal, no ano de 2017, foi inocentado da acusação em um julgamento popular ocorrido nesta última quarta-feira (9) no Fórum Miguel Seabra, que fica localizado na capital do Rio Grande do Norte. Os quatro primeiros votos dos jurados resultaram na decisão de absolver o réu, e, uma vez que a maioria já havia sido alcançada, os outros três votos não precisaram ser mais contabilizados.
Durante o processo, a defesa apresentou a argumentação de que o acusado, que admitiu a culpa, havia agido movido apenas pelo desejo de aliviar o sofrimento de seu pai, que enfrentava um tratamento terminal de câncer.
“Durante o julgamento, enfatizamos todas as evidências presentes no processo, destacando a ausência de intenção maliciosa na concepção do ato criminoso, e apresentamos o pedido de absolvição. A estratégia adotada foi fundamentada na clemência, considerando a angústia vivida pelo filho”, compartilhou um dos seus advogados de defesa, Cyrus Benavides.
Durante todo o processo judicial, os advogados que representavam a defesa se esforçaram para destacar o estado de desespero do filho diante de toda a situação e ressaltaram que não havia motivo além do desejo de aliviar o sofrimento do seu pai para explicar o possível envenenamento.
“Conseguimos comprovar que o pai e o filho mantinham uma relação de amizade íntima, não havendo questões de herança, pensão ou qualquer interesse financeiro envolvido”, elucidou o advogado.
“Foi constatada, inclusive, a debilidade do estágio avançado do câncer terminal pelo qual o pai estava passando, experimentando considerável dor e já sem a continuação de qualquer tratamento médico, apenas aguardando em seu domicílio.”
De acordo com o advogado, após a conclusão do seu julgamento, o réu expressou sua intenção de continuar vivendo “com o peso do ato que cometeu, mas também com um certo alívio por não ter recebido uma condenação judicial”.
De acordo com as autoridades policiais, o crime ocorreu durante a madrugada do dia 6 de maio de 2017, na residência compartilhada pelo pai e pelo filho, que fica situada no bairro Nossa Senhora da Apresentação. Esse bairro é o mais extenso da cidade de Natal, localizado na Zona Norte da região.
Dois dias após o incidente, o autor do crime se entregou voluntariamente à 2ª Delegacia de Plantão da Zona Norte de Natal, admitindo ter envenenado seu próprio pai com substância para ratos. O réu alegou que o ato foi impulsionado apenas pelo seu desespero.
Naquela ocasião específica, o indivíduo contava com 38 anos de idade e desempenhava na época o cargo de assistente de serviços gerais. Ao prestar depoimento ao delegado responsável, ele relatou que seu pai estava enfrentando um quadro de câncer na garganta e passava por um tratamento com quimioterapia.
Durante todo seu testemunho, o homem também revelou que a delicada situação de saúde do seu pai idoso impactou profundamente seu casamento de 23 anos, já que a sua esposa havia manifestado a necessidade de retirar o pai da residência. Adicionalmente, ele teve que abandonar o emprego onde ganhava o salário mínimo para se dedicar somente ao cuidado do idoso.