A ex-deputada federal e cantora gospel Flordelis está enfrentando um momento extremamente delicado na prisão, marcado pela perda de sua filha adotiva, Gabriella dos Santos de Souza, de 25 anos. Gabriella foi encontrada sem vida na Estrada do Pacheco, em São Gonçalo, Rio de Janeiro, e o impacto dessa tragédia tem sido devastador para a pastora, que já vinha lidando com problemas de saúde física e mental.
Em uma entrevista concedida à Record, Flordelis revelou que, dentro da Penitenciária Talavera Bruce, em Bangu, sua saúde mental tem piorado significativamente. “A Flordelis, a minha essência, não mudou em nada. Mas a prisão me trouxe enfermidades mentais. Hoje eu sou dependente de medicamentos para poder suportar esses muros”, desabafou. Segundo ela, a experiência carcerária é comparável a “estar em um cemitério de pessoas vivas”, uma descrição que ilustra a profundidade de sua dor e isolamento.
Saúde debilitada e pedidos da defesa
Os problemas de saúde de Flordelis já haviam sido tema de debate público em 2023, quando sua defesa tentou, sem sucesso, obter a prisão domiciliar. Na época, os advogados argumentaram que ela enfrentava sérias sequelas de um AVC, incluindo amnésia e dificuldades cognitivas. Além disso, relataram episódios de pressão baixa, convulsões e interrupções no fluxo sanguíneo cerebral.
O advogado responsável destacou que o ambiente prisional não oferece suporte adequado para lidar com essas condições de saúde. “Não se trata de ocorrências pontuais, mas de uma série de transtornos e patologias que exigem tratamento contínuo e especializado”, reforçou a defesa. Apesar dos esforços, Flordelis segue cumprindo sua pena na unidade de Bangu.
Essa situação lança luz sobre um debate mais amplo sobre o acesso à saúde dentro do sistema penitenciário brasileiro. De acordo com dados recentes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), muitos presídios no Brasil não possuem infraestrutura médica suficiente para atender às demandas básicas de seus internos, agravando ainda mais a condição de pessoas já vulneráveis.
Tragédia familiar e desdobramentos
O impacto emocional da morte de Gabriella é mais um golpe na vida de Flordelis, já repleta de acontecimentos marcantes nos últimos anos. Gabriella será sepultada no próximo sábado (25), às 16h30, no Cemitério do Pacheco. A Lei de Execução Penal (LEP) prevê que presos podem participar de velórios ou enterros de parentes próximos, como filhos, mas a autorização depende da análise e aprovação do diretor da unidade prisional.
Até o momento, não há informações sobre um possível pedido de Flordelis para acompanhar o enterro da filha. No entanto, o caso levanta uma questão sensível sobre a dignidade de presos em situações de luto. Em situações similares, familiares de outros internos enfrentam burocracias e decisões judiciais que, muitas vezes, ignoram o aspecto humano e emocional dessas ocasiões.
Reflexão sobre o contexto atual
O caso de Flordelis não é apenas um drama pessoal; ele reflete também os desafios estruturais e sociais do Brasil. De um lado, temos um sistema prisional que, em muitos aspectos, não garante direitos básicos. Do outro, está a polarização da opinião pública, que acompanha cada passo da trajetória da ex-deputada com julgamentos muitas vezes desumanizantes.
Para além da figura controversa que se tornou Flordelis, sua história serve como um espelho das falhas que permeiam nossa sociedade. Ao mesmo tempo em que busca justiça, o Brasil precisa urgentemente de reformas no tratamento dado aos internos, especialmente em casos que envolvem saúde e questões familiares.
A tragédia de Gabriella e a condição debilitada de Flordelis são apenas mais um capítulo de uma história cheia de reviravoltas e sofrimento. Mas, por trás de toda a polêmica, há uma mulher que, como tantas outras, enfrenta a dureza de um sistema que parece falhar em cuidar de seus cidadãos – estejam eles dentro ou fora dos muros de uma penitenciária.