Um incidente ocorrido recentemente em São Paulo chamou a atenção da mídia e da sociedade. Um idoso de 72 anos admitiu no domingo, 27 de agosto de 2023, que foi o responsável por escrever e deixar um bilhete ameaçador ao Padre Júlio Lancellotti, conhecido por seu trabalho como coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo. O incidente ocorreu no sábado, 26 de agosto, e gerou repercussão imediata.
O bilhete, deixado na porta da Paróquia São Miguel Arcanjo, localizada na Zona Leste da capital paulista, continha palavras ofensivas e ameaçadoras. Frases como “padreco de merda”, “seu dia de reinado aqui vai acabar” e “defensor dos direitos de bandidos” foram escritas no bilhete, causando indignação na comunidade religiosa e na sociedade em geral.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) agiu rapidamente após o incidente e conseguiu identificar o autor do bilhete. O idoso foi encaminhado ao 8º Distrito Policial, localizado no bairro do Brás. Durante o depoimento, o idoso alegou que conhecia o Padre Júlio Lancellotti e afirmou que não tinha a intenção real de causar dano ao religioso. No entanto, suas palavras e ações deixaram marcas profundas na comunidade.
O caso foi registrado na delegacia como injúria e ameaça. Agora, o Padre Júlio tem o prazo de seis meses para tomar medidas legais contra o autor das ameaças. Esse período permitirá que ele avalie o impacto das ameaças em sua segurança e tome as providências necessárias para sua proteção.
O caso ganhou grande visibilidade após o próprio Padre Júlio Lancellotti divulgar nas redes sociais que havia recebido o bilhete ameaçador. Em um momento em que as redes sociais são uma ferramenta poderosa para divulgar informações e mobilizar apoio, a atitude do religioso de compartilhar o incidente não apenas destacou a seriedade da situação, mas também mostrou a importância de se manifestar contra ameaças e atos de violência.
Ele também informou que câmeras de segurança registraram o momento em que o idoso deixou o bilhete ameaçador na porta da paróquia. Isso foi crucial para a identificação do autor e para a rápida atuação das autoridades competentes. O uso da tecnologia de vigilância desempenhou um papel fundamental na resolução desse caso e na garantia da segurança do Padre Júlio.
Além das autoridades policiais, várias figuras públicas se manifestaram em solidariedade ao Padre Júlio Lancellotti. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, comentou nas redes sociais sobre o caso, expressando sua solidariedade e disposição em ajudar no que fosse necessário. Ele também destacou que, apesar de a competência legal para lidar com ameaças como essa ser estadual, medidas cabíveis seriam estudadas.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania também emitiu uma nota oficial repudiando as ameaças e manifestando apoio ao Padre Júlio. O ministro Silvio Almeida ligou para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para se certificar de que as autoridades estavam agindo prontamente para resolver o caso. A nota enfatizou a importância do trabalho do Padre Júlio Lancellotti em defesa dos direitos humanos das pessoas em situação de rua e condenou qualquer ato criminoso direcionado a ele.
Padre Júlio Lancellotti é amplamente reconhecido por seu trabalho de assistência às pessoas em situação de rua. Nas redes sociais, ele denuncia com frequência casos de violência policial e de construções com arquitetura hostil, que restringem o uso do espaço público. Sua atuação em defesa dos direitos humanos das pessoas em situação de vulnerabilidade o tornou um alvo frequente de ameaças.
Não é a primeira vez que o Padre Júlio é alvo de ameaças. Em 2018, entidades de direitos humanos entraram com uma representação no Ministério Público após o coordenador da pastoral receber ameaças de morte. Isso destaca a coragem e a determinação do religioso em continuar seu trabalho, apesar das adversidades e dos perigos que enfrenta.
O caso do bilhete ameaçador deixado ao Padre Júlio Lancellotti em São Paulo é um lembrete da importância de proteger aqueles que dedicam suas vidas à defesa dos direitos humanos e à assistência às pessoas em situação de vulnerabilidade. É um apelo à solidariedade e à ação contra a violência e a intolerância, mostrando que a sociedade não aceitará ameaças a quem luta pela justiça social e pela dignidade de todos os cidadãos.