Nos últimos dias, um dos episódios mais polêmicos da imprensa de celebridades brasileira voltou ao centro das atenções. O jornalista Léo Dias revelou, em uma entrevista publicada em 12 de março de 2025, que tentou adotar o bebê de Klara Castanho — entregue para adoção após a atriz ter sido vítima de um estupro em 2022. A confissão do colunista veio quase três anos depois do caso que mobilizou o país e reacendeu debates sobre privacidade, ética jornalística e os limites da exposição pública.
Na entrevista, Léo Dias contou que, no dia do parto de Klara, em 10 de maio de 2022, insistiu em entrar em contato com a atriz para discutir a possibilidade de ficar com a criança. Seu plano era levá-la para Recife, onde passa parte do tempo. No entanto, a adoção já estava formalizada por meio de um acordo legal entre Klara, sua equipe jurídica e o Ministério Público, o que impediu qualquer interferência externa.
A revelação pegou muita gente de surpresa, principalmente porque o próprio Léo Dias já havia sido duramente criticado pela maneira como lidou com o caso na época. O jornalista foi um dos responsáveis por divulgar a história publicamente, o que obrigou Klara Castanho a se manifestar por meio de uma carta aberta. Na publicação, a atriz revelou que a gravidez foi resultado de um estupro e que havia seguido todos os trâmites legais para garantir que o bebê fosse entregue de forma segura para adoção.
O impacto do vazamento na vida de Klara Castanho
Na época, Klara tinha apenas 21 anos e viveu momentos de grande sofrimento. O caso veio à tona depois que informações sigilosas sobre o nascimento da criança foram vazadas por funcionários do hospital onde ela deu à luz, em Santo André, São Paulo. Além de lidar com o trauma do abuso, a jovem precisou enfrentar uma onda de exposição pública e julgamentos nas redes sociais.
Em entrevista à revista Glamour, publicada em fevereiro de 2025, Klara detalhou as consequências do episódio em sua vida. Ela contou que passou meses sem conseguir dormir e que, por muito tempo, sentia medo constante de ser atacada publicamente. “Eu não dormia, meus pais não dormiam. A gente chorava junto dois dias e dormia um”, revelou a atriz.
Klara também explicou que demorou a denunciar o agressor por medo e vergonha, mas que, depois de refletir sobre a situação, tomou coragem para registrar o crime. A decisão de entregar o bebê para adoção foi tomada pensando no bem-estar da criança e também em sua própria saúde mental.
O vazamento da história foi o estopim para uma série de investigações. A Rede D’Or São Luiz, responsável pelo hospital onde ocorreu o parto, abriu uma sindicância interna para apurar o caso. No entanto, o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo arquivou a investigação em 2023 por falta de provas concretas sobre a origem do vazamento. Isso deixou Klara sem respostas definitivas sobre como sua história chegou à imprensa.
Léo Dias e a tentativa de interferência na adoção
Na nova entrevista, Léo Dias admitiu que tentou, de forma insistente, adotar o bebê de Klara Castanho. Ele revelou que, no próprio dia do parto, recebeu informações detalhadas de uma fonte dentro do hospital e logo começou a agir para conseguir a guarda da criança. O jornalista afirmou que sua motivação foi emocional, pois a história o impactou profundamente.
Mesmo após Klara recusar a proposta, Léo Dias continuou tentando contato por alguns dias, até ser informado de que o Ministério Público já havia garantido a adoção legal do bebê. Na época, ele não compreendia totalmente a gravidade de sua interferência, mas agora reconhece que suas ações ultrapassaram os limites da ética.
O colunista também admitiu que subestimou as consequências da exposição do caso. Ele contou que confiou em pessoas erradas, como Antonia Fontenelle, que ajudou a espalhar a história nas redes sociais. Léo afirmou que, na época, tinha um alcance muito maior do que Klara e que isso ampliou o impacto negativo da divulgação. Agora, diz que aprendeu a lidar com informações sensíveis de maneira mais cuidadosa e evita compartilhar detalhes sobre certos assuntos, mesmo com pessoas próximas.
O que diz a lei sobre adoção no Brasil?
No Brasil, o processo de adoção é rigidamente regulamentado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Para adotar uma criança, é necessário estar cadastrado no Sistema Nacional de Adoção, passar por entrevistas e avaliações psicológicas e seguir uma série de exigências legais.
No caso de Klara Castanho, a entrega voluntária para adoção foi feita dentro da legalidade. Esse procedimento é um direito garantido às mulheres que, por qualquer motivo, não possam ou não queiram criar o filho. Além disso, a lei prevê que todo o processo ocorra em sigilo, justamente para proteger a mãe e a criança de situações de exposição e julgamento público.
A tentativa de Léo Dias de adotar o bebê sem seguir esses trâmites levanta questionamentos sobre o limite entre a atuação jornalística e o envolvimento pessoal. Embora ele tenha afirmado que sua intenção era apenas ajudar, especialistas destacam que essa interferência poderia ter gerado ainda mais problemas para Klara Castanho, que já estava em um momento de extrema vulnerabilidade.
O que fica desse episódio?
Três anos após o ocorrido, Klara Castanho tenta seguir em frente e reconstruir sua vida. Atualmente, ela está no ar na novela Garota do Momento e, aos poucos, retoma sua carreira e sua rotina normal.
Léo Dias, por sua vez, parece disposto a reconhecer seus erros, mas isso não apaga o impacto que suas atitudes tiveram na vida da atriz. O caso continua sendo um dos exemplos mais marcantes de como a falta de responsabilidade no jornalismo de celebridades pode transformar um drama pessoal em um espetáculo midiático.
No fim das contas, essa história deixou um grande aprendizado: ética e respeito à privacidade são essenciais, principalmente quando se trata de vítimas de violência.