A utilização das plataformas de mídias sociais como instrumentos de trabalho por diversos profissionais se tornou algo bastante comum. Contudo, é crucial um manejo cuidadoso para evitar que isso impacte a conduta e o desempenho profissional. Um exemplo recente abalou a comunidade médica internacional e causou muita disculsão nas redes sociais.
Uma médica, que ganhou fama em plataformas digitais, tinha como prática transmitir ao vivo suas cirurgias em sua conta oficial no TikTok. Seus procedimentos hospitalares, realizados enquanto ela interagia com seus seguidores, acumulam milhões de curtidas.
Katharine Grawe, também conhecida na internet como Dra. Roxy, conquistou destaque no ambiente virtual ao compartilhar suas operações com milhares de seguidores, entretanto, a situação logo saiu do controle.
Infelizmente, pelo menos três pacientes, cujas cirurgias foram compartilhadas publicamente e que competiram pela atenção da Dra. Roxy com os espectadores ao vivo, sofreram complicações pós-cirúrgicas. Um dos pacientes teve uma infecção bacteriana que resultou em perda de função cerebral, enquanto outro paciente teve o intestino perfurado.
Como consequências desses incidentes, a Dra. Roxy foi acusada de negligência e sentiu uma repreensão severa. Sua licença médica foi revogada no estado de Ohio, nos Estados Unidos, devido à transmissão ao vivo das cirurgias em sua conta no TikTok. Como cirurgiã plástica, a acusação foi de negligência por realizar ao vivo de procedimentos cirúrgicos em pacientes, comprometendo a segurança dos mesmos.
Em sua defesa, a Dra. Roxy afirmou que sua motivação para compartilhar e transmitir as cirurgias ao vivo era de educar e ensinar seus seguidores. Ela prometeu interromper essa prática, porém, essa justificativa não foi suficiente para convencer o Conselho Médico.
Com a prevalência das redes sociais e sua crescente utilização para fins educacionais, a Dra. Roxy argumentou que seu objetivo era apenas compartilhar conhecimento médico e fornecer um vislumbre do mundo a seus seguidores no TikTok. Este objetivo é válido e, de fato, muitos profissionais de saúde utilizam as redes sociais para compartilhar informações e conscientizar o público.
Entretanto, a prática de transmitir ao vivo cirurgias pode levantar questões éticas e de segurança. Em primeiro lugar, a privacidade do paciente pode ser comprometida, especialmente se não houver um consentimento explícito e bem informado. Em segundo lugar, a transmissão ao vivo poderia potencialmente perturbar o complexo, aumentando o risco de complicações, como no caso da Dra. Roxy.
A Dra. Roxy, reconhecendo essas preocupações, prometeu abandonar esta prática. No entanto, isso não foi suficiente para o Conselho Médico, o que provavelmente levou em consideração a ocorrência de complicações cirúrgicas em pacientes cujas operações foram transmitidas.
Este caso serve como um grande alerta para todos os profissionais, não apenas médicos, de que as redes sociais são ferramentas poderosas que devem ser usadas com responsabilidade. É crucial equilibrar o desejo de compartilhar e educar com as obrigações éticas e legais, especialmente quando a segurança e privacidade dos indivíduos estão em jogo.
A médica defendeu-se alegando que o objetivo de suas instruções ao vivo de cirurgias era meramente educacional, buscando instruir seus seguidores. Ela comprometeu-se a cessar tal prática, entretanto, tal argumento não foi persuasivo para o Conselho Médico.