Menina de 7 anos corta o cabelo após sofrer racismo por funcionária de condomínio

Uma criança de 7 anos foi alvo de um episódio de discriminação, no qual uma trabalhadora de um conjunto residencial em São José do Rio Preto a ofendeu com um termo racista. Isso ocorreu no início deste mês, mas somente na última quinta-feira (17) é que o incidente foi reportado às autoridades policiais, segundo relatos do portal G1. Além disso, após o ocorrido, a criança decidiu cortar o seu próprio cabelo.

Segundo o registro oficial, a menina estava caminhando pelo complexo habitacional acompanhada de seu cãozinho, quando uma empregada se aproximou. Nesse momento, a funcionária dirigiu-se à criança, comentando que ela deveria amarrar o cabelo, pois sua aparência lembrava a de um macaco.

No parque do conjunto residencial, localizado na quarta-feira passada (16), a garota encontrava-se presente quando a mesma empregada, mais uma vez, aproximou-se dela e reiterou a sugestão de que deveria prender o cabelo.

Mãe da menina registrou boletim de ocorrência

Após sair do local, a criança retornou para casa e, para surpresa de seus familiares, cortou uma porção de seu cabelo. Ao deparar-se com o estado do cabelo da menina, a mãe indagou sobre o ocorrido, levando a criança a compartilhar toda a história.

A mãe da criança logo buscou a funcionária do complexo habitacional, a qual admitiu ter utilizado o termo ‘macaca’ para se dirigir à menina. Entretanto, ela alegou que sua intenção era somente a de repreender a criança. Após uma conversa com a síndica mais tarde, a mãe recebeu a orientação de buscar auxílio das autoridades policiais.
 

 

Até o momento, os familiares da criança optaram por não emitir declarações sobre o assunto. Nas plataformas de mídia social, numerosos usuários expressaram indignação, com alguns até manifestando o desejo de que a empregada seja detida e responsabilizada por suas ações.

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Criança de 6 anos é agredida e sofre racismo em escola na Zona Sul de SP

A progenitora de uma estudante com seis anos de idade, matriculada em uma instituição de ensino pública situada no bairro do Cambuci, na região sul de São Paulo, apresentou uma denúncia referente a um episódio no qual a sua filha foi sujeita a agressão e a um ato racista nas instalações escolares. A Secretaria da Educação deu início a uma investigação a respeito do caso (conferir detalhes abaixo).

Thamires Rosa dirigiu-se à delegacia com o intuito de registrar um relato nos registros policiais, no qual descreveu que a criança chegou em casa apresentando múltiplos hematomas pelo corpo. Segundo o relato, a Escola Estadual Adelina Issa Ashcar demonstrou escassa disposição em dar suporte à família e em investigar o ocorrido.

“No decorrer da quarta-feira, eles afirmaram que era uma situação comum e que minha filha deveria ter mencionado o incidente imediatamente. Insinuaram que ela deveria ter se pronunciado. Fui obrigada a exibir as lesões presentes no corpo da minha filha. O diretor afirmou não avistar nenhuma marca e questionou se tais lesões não poderiam ter se originado dentro da minha residência”, compartilhou a mãe em um desabafo.

“A recusa da escola em assumir responsabilidade pelo incidente, evidência uma grande falta de preparo. Levaram-na de sala em sala com a intenção de que ela identificasse o agressor. Isso não era algo que ela poderia fazer. Ela é apenas uma criança. Além de ter sido sujeita a essa agressão física e verbal, ainda foi forçada a enfrentar essa situação”, expressou a mãe.

De acordo com a análise de Débora Dias, uma educadora associada ao movimento Educafro Brasil, a escola apresentou deficiência tanto na abordagem do incidente quanto na maneira como proporcionou apoio às famílias afetadas.

“Essa atitude é completamente equivocada. Isso contribui para que a criança se sinta ainda mais fragilizada em uma situação em que ela já foi profundamente agredida, além de expor a situação da forma mais contraproducente possível — indo até lá, apontando dedos e intensificando o constrangimento e a vergonha, quando, na verdade, uma situação como essa nem deveria ter ocorrido”, explicou a especialista.

“Deveria ser abordada de forma educativa, com foco na discussão sobre o combate ao racismo”, acrescentou Débora.