Infelizmente mais uma mulher foi resgatada, após passar mais de 34 anos em meio a trabalho análogo à escravidão em São Gonçalo dos Campos, município a cerca de 115 km de Salvador (BA). A mulher estava morando no local aonde trabalhava, lá era responsável por manter em ordem a casa da família, e nunca recebeu nada por isso.
Finalmente o resgate foi realizado pelas auditoras-fiscais do trabalho no dia 30 de novembro. A vítima foi encaminhada a um abriga aonde irá receber os devidos cuidados. Depois que se recuperar ai se quiser ela poderá residir com sua família.
A justiça do trabalho recebeu denúncias de membros da própria família “empregadora” da vítima, além de moradores locais. Foi constatado que a mulher sofria com abusos físicos e psicológicos.
Aposentadoria por invalidez
Os indivíduos que mantinham a vítima em trabalho escravo, ainda fizeram contribuições ao INSS no seu nome, oque possibilitou uma aposentadoria por invalidez, contudo a mulher nunca teve acesso ao benefício.
Os aproveitadores da mulher de 59 anos, usavam suas contas bancárias em seu nome, e faziam depósito mensais de 50 reais para a mesma comprar comida apenas para o mês e também coisas de higiene pessoal.
Também foi apurado que a mãe e irmão desta mesma mulher também era submetidos a trabalhamos escrevia pela mesma família. Contudo após sua chegada ela foi a vítima, seu irmão conseguiu fugir da situação quando tinha 27 anos.
Vizinhos e parentes das vítimas ainda contaram que a mulher tinha acesso restrito a rua e outras pessoas, para dificultar a descoberta do crime que cometiam.
“Em casos como este, ouvimos sempre a afirmação de que a vítima é ‘como se fosse da família’. Mas essa pessoa da família não completou o ensino médio, em oposição aos outros filhos, não desenvolveu laços de amizade externos ou mesmo construiu uma vida para além das atividades domésticas da casa. Os empregadores afirmaram que os serviços domésticos não eram trabalho, mas uma colaboração voluntária no âmbito familiar”, informou em nota a Auditoria-Fiscal do Trabalho na Bahia.
“O resgate foi feito numa casa grande no centro da cidade de São Gonçalo, demonstrando a invisibilidade deste tipo de violação e a necessidade de toda a sociedade participar da superação desta prática decorrente da herança escravocrata do nosso país”, finaliza.
A família responsável está com processos de apuração e quantias não pagas a mulher em andamento, além de outras cotações criminais como cárcere privado, trabalho escravo, e maus tratos.