Com tranquilidade, Ederly Vieira observa atentamente o reparo de seu carro em uma oficina especializada em vidros automotivos. Enquanto o Volkswagen Parati passa por manutenção, cães descansam ao lado, atentos à movimentação dos funcionários. Um latido quebra o silêncio assim que a tutora se pronuncia. “Eles reconhecem a minha voz”, comenta a mulher, que há mais de dez anos reside no veículo em Limeira (SP) com seus 16 cachorros, após perder sua casa.
“Minha família são os meus cães, as pessoas que gostam de mim e, assim como eu, querem ajudar os animais”, declarou Ederly.
Ela se refere aos seus cães de estimação como “crianças”, “filhos” e “família”. Ederly decidiu ir à oficina porque alega que o vidro dianteiro do carro foi quebrado por pessoas desconhecidas.
Para se sustentar, ela vende bichinhos de pelúcia em diferentes locais da cidade e às margens das estradas na região de Limeira.
Sem romantizar a situação, Ederly faz um apelo por ajuda àqueles que possam colaborar. Ela reconhece a necessidade de um lar real. Em uma entrevista ao G1, compartilhou seu sonho de ter uma chácara, onde possa viver, acomodar seus animais e cuidar de outros animais que possam precisar.
Com uma eloquente expressão e um vocabulário refinado, Ederly revela ter uma ampla experiência de vida internacional, mas prefere não mencionar diplomas, títulos ou suas profissões passadas ao redor do mundo. No entanto, ela faz questão de destacar duas delas: “Sei cuidar de pessoas, fui enfermeira e também motorista”, disse.
E para dissipar qualquer dúvida, ela esclarece: “Eu não sou uma moradora de rua, nem uma mendiga. Sou uma sobrevivente que vive dentro de um carro para não abandonar meus animais”, afirma.
Com cada cão, a quem chama individualmente pelo nome, ela mantém conversas em outros idiomas. Às vezes, em filipino, e em outros momentos, canta em castelhano. “Eu até gravei um CD, vocês querem ouvir?”, sugere.