Operador de câmera que fez mergulho teste no submarino Titan diz que “sabia 100% que isso aconteceria”

 

Brian Weed, o operador de câmera do programa “Expedition Unknown” do Discovery Channel, expressou à Associated Press sua convicção de que essa tragédia ocorreria, referindo-se ao trágico evento que resultou na morte dos cinco passageiros a bordo do submarino Titan após a sua implosão.

Weed teve a oportunidade de realizar um mergulho de teste no submersível Titan, fabricado pela empresa OceanGate, em maio de 2021, nas proximidades do estado de Washington, nos Estados Unidos. Weed e o restante da equipe do programa estavam se preparando para uma expedição ao Titanic, com o objetivo de capturar imagens dos destroços do naufrágio nos próximos meses.

Durante o teste de mergulho, ocorreu uma falha no sistema de propulsão, fazendo com que os computadores deixassem de responder e interrompendo a comunicação.

De acordo com o relato do operador de câmera, Stockton Rush, CEO da OceanGate e uma das vítimas que faleceu durante a expedição do Titan no mês passado, tentou reiniciar os sistemas e resolver o problema.

“Ele parecia confuso e insatisfeito com o desempenho”, disse Weed à Associated Press. “No entanto, ele tentava minimizar a situação, oferecendo desculpas.”

Durante esse momento, encontravam-se a uma profundidade de apenas 30 metros, levando Weed a questionar: “Como esse dispositivo conseguirá chegar a 3.800 metros (a profundidade onde os destroços do Titanic estão localizados)? E nós realmente queremos estar a bordo?”

Após o cancelamento dessa primeira viagem, a produtora do programa de televisão contratou um consultor da Marinha dos Estados Unidos para examinar minuciosamente o submersível Titan. O relatório foi positivo, porém o consultor alertou para a falta de pesquisa sobre o comportamento do casco feito de fibra de carbono após vários mergulhos.

A equipe do programa decidiu não usar o OceanGate para ir até o naufrágio.

Ex-diretora financeira da OceanGate diz que pediu demissão após Rush oferecê-la cargo de piloto do submarino Titan

Em uma entrevista concedida ao The New Yorker, uma ex-diretora financeira da OceanGate, empresa responsável pelo submarino Titan que implodiu no mês passado, resultando na morte dos cinco passageiros a bordo, revelou ter pedido demissão após o CEO Stockton Rush oferecer-lhe o cargo de piloto-chefe do submarino.

A mulher, que optou por não se identificar, afirmou que Rush, uma das vítimas dessa tragédia, ofereceu-lhe a posição logo após demitir o piloto originalmente contratado para o cargo, David Lochridge, que havia expressado preocupações sobre a segurança da embarcação.

Em 2018, a empresa rescindiu o contrato de trabalho de Lochridge e moveu um processo contra ele e sua esposa, alegando que ele havia compartilhado informações confidenciais, se apropriado indevidamente de segredos comerciais e usado a empresa para obter auxílio imigratório, além de ter inventado um motivo para ser demitido. Por sua vez, Lochridge afirma ter sido demitido injustamente após levantar preocupações sobre a segurança e os testes do submarino Titan.

A ex-diretora expressou sua preocupação quando Rush lhe ofereceu o cargo de piloto, afirmando: “Fiquei assustada com a ideia de ele me querer como piloto-chefe, já que minha formação é em contabilidade”, relatou ao The New Yorker.

No final do mês passado, a investigação internacional sobre a implosão fatal do submarino Titan foi expandida, com a Real Polícia Montada do Canadá (RCMP) anunciando que está investigando possíveis violações de leis criminais, federais ou provinciais.

Após a confirmação da implosão do submarino, a OceanGate Expeditions tem enfrentado questionamentos em relação aos seus procedimentos de segurança. Relatos sobre problemas mecânicos, expedições canceladas e supostas violações dos processos regulatórios começaram a surgir.

Essas preocupações surgem em meio a crescentes dúvidas sobre o design do Titan, com relatos de um especialista em submersíveis que afirma ter alertado o CEO da embarcação sobre questões de segurança após uma viagem realizada anos atrás.