Fora do segundo turno das eleições em São Paulo, o ex-coach Pablo Marçal, que se lançou pelo PRTB, fez uma palestra para uma plateia que pagou R$ 97 por cabeça — valor que poderia ser parcelado em 12 vezes de R$ 9,70, com juros. O evento aconteceu na sede das suas empresas, em Alphaville, Barueri, na Grande São Paulo. Durante essa apresentação, ele falou sobre o que considera os próximos passos da política nacional, mas acabou deixando escapar algumas opiniões bem polêmicas.
Recentemente, um vídeo vazado pelo jornalista Guga Noblat nas redes sociais revelou um pouco do conteúdo dessa palestra. Nele, Marçal expressa mágoa em relação ao pastor Silas Malafaia, que o atacou durante a campanha e também se envolveu em brigas públicas com o clã Bolsonaro. Marçal foi direto: segundo ele, já existe um mandado de prisão contra Jair Bolsonaro, o que, segundo ele, seria a razão do afastamento de Malafaia do ex-presidente.
Ele comentou: “Silas Malafaia nunca foi amigo de Bolsonaro. Ele é um aproveitador de última hora. Em 2018, ele estava com o Alckmin. Quando viu que o povo queria Bolsonaro, pulou fora do Alckmin e foi atrás do capitão. Agora, ele está se distanciando porque sabe do mandado de prisão.” O ex-coach ainda fez questão de provocar: “O procurador-geral da República tem um mandado de prisão contra o Bolsonaro, e ele [Malafaia] já sabe disso.”
Entretanto, quem acompanha o cenário político sabe que um mandado de prisão não é tão simples. Ele geralmente é solicitado pela Polícia, que, no caso de Bolsonaro, seria a Polícia Federal, e precisa passar pela Justiça, no caso o Supremo Tribunal Federal. Até agora, não há indícios de que tal mandado exista, mas Marçal parece ter ignorado essa parte.
Além disso, Marçal se mostrou bem ressentido com a direita bolsonarista, especialmente em relação a Tarcísio Gomes de Freitas, o governador de São Paulo, que ele acredita ser o novo “candidato do sistema”. Ele disse: “Vocês nunca imaginariam que o Centrão pegou o Tarcísio no colo? O Malafaia agora tá falando um monte de besteira porque já mudou de barco.”
Na coletiva de imprensa antes da palestra, Marçal deixou claro que não tem intenção de apoiar Ricardo Nunes, o candidato do MDB, a menos que alguns políticos, incluindo Bolsonaro e Malafaia, se retratem publicamente das “mentiras” que ele acredita que foram ditas sobre ele. “Que fique registrado que não vou apoiar Ricardo Nunes. Ele não terá meu apoio pessoal, pela arrogância deles”, enfatizou.
Marçal ainda comentou sobre a migração dos seus eleitores. Ele acredita que muitos deles podem acabar votando em Guilherme Boulos, do PSOL, no segundo turno. “Mais de 45% dos meus votos são de pessoas que não são de direita. Existem regiões onde eu conquistei com afinco e o Lula ganhou disparado em 2022. Não tem nada a ver com a direita”, afirmou.
Ele se arriscou até a prever que Boulos venceria a disputa pela prefeitura de São Paulo: “Na minha visão, antes de eu entrar na eleição, ele venceria essa disputa. Agora tenho certeza que ele vence. O Boulos e o Lula têm a língua do povo, e os outros só estão brigando”, disse. Marçal também acredita que sua não participação no segundo turno não se deve a um laudo falso sobre Boulos, mas sim à falta de um “campo de energia” necessário na campanha.
No fim das contas, a situação é bem tumultuada e cheia de emoções. Marçal está claramente em busca de um espaço na política, mas seus comentários e a forma como ele se expressa mostram que ele ainda está lidando com muitas frustrações e mágoas. E, no meio desse caos, a política brasileira continua seu curso, cheia de reviravoltas e surpresas.
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