Há um ano, na sexta-feira, 27 de dezembro, o Brasil perdeu PC Siqueira, uma das figuras mais icônicas da primeira geração de youtubers. Ele foi encontrado sem vida em seu apartamento na zona sul de São Paulo por sua ex-namorada, Maria Luisa Lopes Watanabe. Segundo os laudos médicos, a causa da morte foi suicídio. O episódio chocou fãs e amigos, especialmente por conta dos sinais preocupantes que ele havia dado nas redes sociais dias antes.
Dois dias antes de sua morte, PC publicou um vídeo que mexeu profundamente com seus seguidores. Na gravação, ele dizia:
“Quero desejar um feliz Natal pra todo mundo aí. Principalmente pra quem, como eu, não vai comemorar e vai passar como se fosse qualquer outro dia. Então, feliz Natal solitário pra você e feliz Ano Novo solitário também. Nós não estamos sozinhos.”
A mensagem foi acompanhada de uma legenda igualmente tocante:
“Feliz Natal pra você que não tem família, não tem muitos amigos ou não tem grana pra fazer festa. Você não está sozinho!”
Essas palavras, carregadas de melancolia, acenderam um alerta entre os fãs. Antes disso, ele já havia dado sinais de que sua saúde mental não ia bem. Em 20 de dezembro de 2023, PC publicou um vídeo em seu canal no YouTube falando sobre o término de um relacionamento de mais de um ano. Ele refletiu sobre o impacto do rompimento e a importância de encontrar amor próprio em momentos difíceis. Em outra postagem, apenas escreveu: “Tô vivo”.
Quem foi PC Siqueira?
PC Siqueira foi um dos pioneiros no mundo dos videoblogs no Brasil. Ele surgiu em 2010 com o canal maspoxavida, onde compartilhava reflexões do cotidiano, críticas sociais e um humor ácido que conquistou milhares de seguidores. Natural de Guarulhos, em São Paulo, ele não apenas era um dos youtubers mais populares da época, mas também influenciava uma geração que começava a consumir conteúdo digital como nunca antes.
Seu canal era um espaço onde ele falava sobre temas variados, como videogames, quadrinhos, religião e os desafios da vida adulta. Declaradamente neurodivergente, PC nunca escondeu suas lutas contra a ansiedade e a depressão, temas que abordava de forma aberta, ajudando a desmistificar esses assuntos para muitos de seus seguidores.
Em 2016, ele lançou o livro PC Siqueira Está Morto, escrito por Alexandre Matias, que abordava, entre outras coisas, suas dificuldades em lidar com problemas de saúde mental. Esse título, carregado de ironia na época, acabou soando ainda mais trágico anos depois.
O escândalo que abalou sua carreira
No entanto, nem tudo foram momentos de sucesso na trajetória de PC. Durante a pandemia, ele se viu no centro de uma acusação de pedofilia que abalou sua vida pessoal e profissional. Um vídeo viralizou nas redes sociais sugerindo que ele havia cometido atos criminosos. PC, em sua defesa, chamou a acusação de uma “mentira grotesca” e alegou ser alvo de uma “articulação criminosa”.
Apesar de a investigação policial não encontrar provas concretas contra ele, o estrago já estava feito. Ele foi afastado do canal Ilha de Barbados, onde dividia a cena com Rafinha Bastos, e sua carreira nunca mais foi a mesma. Após o escândalo, ele mudou o nome do seu canal e tentou se reinventar, oferecendo publicidades por valores simbólicos e até se lançando como tatuador.
Reflexões sobre um legado complexo
A história de PC Siqueira é um misto de conquistas, controvérsias e luta contra os próprios demônios. Ele foi, sem dúvida, uma figura marcante para o início da era digital no Brasil, mas também alguém que enfrentou o peso da exposição pública de maneira cruel.
Sua morte deixou um vazio e levantou novamente a discussão sobre saúde mental, especialmente entre criadores de conteúdo que vivem sob constante pressão. Hoje, um ano depois, fica a memória de uma pessoa talentosa e complexa, que marcou a vida de muitos, mas também enfrentou batalhas internas que poucos puderam compreender por completo.
Que sua história sirva de aprendizado sobre a importância de estarmos atentos a quem está ao nosso redor, mesmo quando o sofrimento é mascarado em postagens nas redes sociais. Afinal, como ele mesmo disse: “Nós não estamos sozinhos.”