A investigação sobre o brutal assassinato da jovem Vitória Regina de Sousa, de apenas 17 anos, continua avançando com novas evidências sendo coletadas pela Polícia Civil. O caso chocou a cidade de Cajamar, na Grande São Paulo, e mobilizou dezenas de agentes em uma busca incansável por respostas. Vitória desapareceu em 26 de fevereiro, logo após sair do trabalho em um shopping local, e seu corpo só foi encontrado no dia 5 de março, em uma área de mata, com sinais evidentes de violência extrema. Além dos cortes profundos no tórax, pescoço e rosto, a cabeça da vítima estava raspada, um detalhe que chamou a atenção dos investigadores.
As autoridades trabalham com três principais suspeitos: Maicol Sales dos Santos, Gustavo Vinícius Moraes e Daniel Lucas Pereira. Até agora, a polícia já apreendeu nove celulares, encontrou vestígios de sangue tanto em um veículo quanto na casa de um dos envolvidos e detectou contradições importantes nos depoimentos. Com a repercussão do crime e a indignação da população, as forças de segurança intensificaram os esforços para esclarecer o que de fato aconteceu naquela noite trágica.
Uma noite de terror
Vitória costumava pegar dois ônibus para voltar para casa, no bairro rural de Ponunduva. Normalmente, seu pai a buscava no ponto final, mas, naquela noite, o carro dele estava com defeito, obrigando a jovem a caminhar sozinha por cerca de um quilômetro. Em mensagens enviadas a uma amiga, ela demonstrou medo, relatando que estava sendo seguida por dois homens em um carro e outros dois dentro do ônibus. Essas pistas se tornaram peças-chave na investigação.
Após dias de buscas intensas, que envolveram drones e cães farejadores, o corpo da jovem foi encontrado. Os peritos acreditam que o crime pode ter sido planejado, e agora a polícia se concentra em conectar os suspeitos às provas materiais e digitais já levantadas.
O avanço das investigações
O primeiro a ser preso foi Maicol Sales dos Santos, de 27 anos. Ele entrou na mira dos investigadores após apresentar várias contradições em seu depoimento. Além disso, vestígios de sangue foram encontrados tanto em seu Toyota Corolla prata quanto dentro de sua casa. O nome de Gustavo, ex-namorado da vítima, também está no radar, assim como Daniel, um amigo próximo. As autoridades identificaram no celular de Daniel imagens que indicam que Vitória estava sendo monitorada dias antes do crime.
Outro ponto que fortalece a suspeita contra o trio é a geolocalização dos celulares. Registros de antenas de telefonia mostram que pelo menos dois deles estavam na área onde Vitória desapareceu na noite de 26 de fevereiro. Isso desmente as versões apresentadas pelos suspeitos, que afirmaram não ter qualquer contato com a jovem naquela data.
Além disso, a polícia descobriu que Vitória fez uma ligação para um dos investigados pouco antes de desaparecer. Esse detalhe reforça a suspeita de que ela conhecia, ao menos de vista, seus possíveis agressores.
Provas físicas: sangue e fios de cabelo
As evidências materiais são cada vez mais contundentes. No dia 11 de março, peritos do Instituto de Criminalística encontraram sangue no porta-malas do carro de Maicol e em sua casa. A perícia de DNA deve confirmar se o material pertence à vítima. Outro detalhe que pode ser crucial para a investigação é um fio de cabelo achado dentro do veículo.
Os investigadores acreditam que o carro foi usado para transportar o corpo até a área de mata entre Cajamar e Jundiaí, a cerca de cinco quilômetros da casa da jovem. A análise dessas provas, somada às contradições nos depoimentos, pode ser o elemento definitivo para ligar Maicol ao crime.
Depoimentos que não batem
Maicol, dono do Corolla visto próximo ao ponto de ônibus onde Vitória desceu, afirmou que passou a noite do crime em casa. No entanto, sua esposa o desmentiu, dizendo que dormiu na casa da mãe e que trocou apenas uma mensagem rápida com ele às 23h30. Além disso, vizinhos relataram movimentações estranhas em sua garagem na madrugada do dia 27.
Já Gustavo, ex-namorado da vítima, não conseguiu explicar por que estava próximo ao local do desaparecimento. Ele também ignorou uma mensagem da jovem pedindo carona naquela noite, o que levantou ainda mais suspeitas.
Daniel, por sua vez, afirmou que as imagens do Corolla que estavam em seu celular foram tiradas por curiosidade, depois que o caso ganhou repercussão. No entanto, os vídeos encontrados mostram que ele vinha acompanhando os passos de Vitória dias antes do crime, o que sugere um possível planejamento.
Com essas informações, a polícia segue ouvindo testemunhas e cruzando dados para desvendar o mistério por trás do assassinato. Já foram colhidos depoimentos de 16 pessoas, entre familiares, vizinhos e amigos da vítima.
O que vem a seguir?
O caso continua sendo tratado como prioridade pelas autoridades. Além da análise do material genético encontrado no carro e na casa de Maicol, os investigadores aguardam a quebra de sigilo telefônico dos suspeitos. O objetivo é entender se houve troca de mensagens entre eles na noite do crime e, principalmente, descobrir se houve premeditação.
A população de Cajamar segue acompanhando cada passo da investigação com revolta e indignação. O caso de Vitória Regina de Sousa escancarou mais uma vez os perigos enfrentados por mulheres que simplesmente tentam voltar para casa em segurança. Para a família, resta agora a esperança de que a justiça seja feita e que os responsáveis por essa barbaridade sejam punidos com o rigor da lei.