Polícia identifica alunos de medicina que usaram frase em alusão a estupro em SP, e faculdade interdita atlética

Denúncia e Resposta: A Controvérsia do Hino Machista na Faculdade Santa Marcelina

Recentemente, um incômodo episódio ganhou destaque na Faculdade Santa Marcelina, onde um grupo de estudantes, ao menos 24, foi flagrado com uma faixa que continha expressões de cunho violento e alusões ao crime de estupro. Isso ocorreu durante um evento esportivo e gerou uma onda de reações tanto dentro quanto fora da instituição. A situação foi revelada pelo portal de notícias g1, que trouxe à tona a gravidade do caso, levando a Secretaria da Segurança Pública a instaurar um inquérito policial para investigar os fatos.

A Faculdade Santa Marcelina, por sua vez, anunciou a interdição da atlética do curso de medicina e instaurou uma sindicância interna, além de comunicar o ocorrido ao Ministério Público. Essas ações demonstram um reconhecimento da gravidade da situação e a necessidade de responsabilização dos envolvidos.

O Protesto do Coletivo Francisca

No dia 17, o Coletivo Francisca, um grupo feminista composto por alunas e ex-alunas de medicina, organizou um protesto formal contra o episódio. Em sua denúncia, o coletivo ressaltou que o hino revivido possui letras que fazem apologia ao estupro e contêm referências sexualmente explícitas, além de menções a relações com membros da igreja que compõem o corpo docente da faculdade. Isso gerou um movimento de indignação não apenas entre os estudantes, mas também na sociedade.

O hino em questão havia sido banido em 2017, após denúncias semelhantes, mas, como salientou uma ex-aluna, ele voltou à tona durante um jogo de handebol, demonstrando que a cultura do estupro ainda está presente nas faculdades de medicina. ‘Esse hino foi revivido, cantado, e estava estampando uma bandeira que foi erguida pelos alunos após uma vitória no jogo de handebol masculino contra a Uninove’, relatou a ex-aluna, destacando a necessidade de um olhar mais atento sobre esses comportamentos.

A Cultura do Estupro nas Faculdades de Medicina

O conceito de cultura do estupro se refere a um ambiente que normaliza a violência sexual e diminui a gravidade desses atos. Em várias faculdades de medicina, como evidenciado pelo depoimento da ex-aluna, existem rituais de passagem que envolvem trotes degradantes e canções que desumanizam as mulheres. Isso levanta uma questão alarmante: até quando essas práticas serão toleradas?

A ex-aluna destacou que, apesar dos esforços do Coletivo Francisca para banir comportamentos abusivos, episódios como o da atlética da Faculdade Santa Marcelina fazem questionar a eficácia dessas medidas. ‘Algo banido há 8 anos voltou à tona agora, sendo que o curso de medicina dura 6’, lamentou.

Hinos e Cânticos de Atléticas

As atléticas são coletivos formados por universitários para promover atividades esportivas e sociais. Contudo, muitos hinos e cânticos que emergem desses grupos contêm letras que ofendem e degradam, com insinuações sexuais, homofóbicas e machistas. O caso da Faculdade Santa Marcelina não é um incidente isolado; em 2023, outro hino de uma atlética de medicina foi criticado por fazer referências grotescas à sexualidade.

Após a repercussão negativa, a Faculdade Santa Marcelina utilizou suas redes sociais para se posicionar. Em uma nota, reconheceu a participação de alunos no episódio e afirmou que tomará medidas disciplinares contra os responsáveis. ‘Entre as punições, estão advertências verbais e escritas, suspensão e até expulsão da faculdade’, dizia o comunicado.

O Papel das Instituições de Ensino

A importância de agir contra essas práticas não pode ser subestimada. A Lei Estadual nº 18.013/2024 proíbe a realização de trotes que envolvam coação e agressão, estabelecendo que as instituições de ensino devem adotar medidas para coibir tais comportamentos. O Coletivo Francisca espera que a Faculdade Santa Marcelina investigue e puna os responsáveis pelo bandeirão e pela presença de mensagens misóginas em seus eventos.

O que aconteceu na Faculdade Santa Marcelina é um reflexo de uma realidade mais ampla que permeia muitas universidades. A luta pela igualdade de gênero e pelo respeito deve ser contínua e, mais importante, deve ser apoiada por todos os membros da comunidade acadêmica. O Coletivo Francisca, com suas 150 integrantes, deposita sua confiança na resposta institucional da faculdade, acreditando que é possível criar um ambiente seguro e respeitoso para todos os estudantes.

Conclusão

Em resumo, a situação envolvendo o hino da Faculdade Santa Marcelina é um alerta sobre a necessidade de uma mudança profunda nas culturas institucionais que toleram comportamentos abusivos. As vozes do Coletivo Francisca e de outras alunas precisam ser ouvidas e respeitadas, não apenas em momentos de crise, mas como parte de um movimento contínuo em busca de igualdade e dignidade para todas as mulheres dentro das instituições de ensino.