Quem é a corredora atropelada e morta por estudante de medicina bêbado

O mundo da corrida perdeu uma atleta dedicada e apaixonada no último sábado (15), quando Danielle Corrêa de Oliveira, de 41 anos, foi atropelada e morta por um estudante de medicina embriagado na rodovia MS-010, na saída para Rochedinho, em Campo Grande (MS). A tragédia interrompeu não apenas a vida de uma esportista, mas de uma mulher que transformou a dor em superação e inspiração para muitos.

Corrida como refúgio após a perda da filha

A relação de Danielle com a corrida começou em 2016, após um período extremamente difícil. No ano anterior, sua filha Geovanna, então com apenas quatro anos, foi diagnosticada com um câncer renal agressivo. Foram nove meses de luta intensa contra a doença, mas, infelizmente, a menina não resistiu.

A perda devastadora mergulhou Danielle em um estado profundo de tristeza. Em um vídeo publicado anos depois em suas redes sociais, ela compartilhou o impacto emocional desse momento:

“Geovanna era muito alegre e feliz. Aguentou o que a vida lhe propôs. Ficou careca e se adaptou. Ela era muito forte e nos transmitia essa força inebriante. Eu fiquei doente junto com ela. Mal emocionalmente por ver uma criança passar por tudo aquilo. Eu não queria mais viver”, desabafou.

Foi no esporte que encontrou um novo propósito. Dois anos após a morte da filha, um amigo a convidou para participar de sua primeira corrida de rua, um percurso de 5 km. A experiência foi transformadora, e a partir dali, Danielle não parou mais.

Uma atleta apaixonada e determinada

Conhecida carinhosamente como Danny entre amigos e corredores, ela passou a documentar sua rotina de treinos e competições nas redes sociais, inspirando outras pessoas com sua história de superação.

Participou de diversas corridas dentro e fora do Brasil, sempre buscando novos desafios. Entre suas conquistas, esteve na tradicional Corrida Internacional de São Silvestre, uma das provas de rua mais icônicas do mundo. Além disso, viajou para o exterior para competir, consolidando-se como uma atleta amadora dedicada.

Sua paixão pela corrida não era apenas sobre desempenho, mas sobre transformação. Correr era seu jeito de manter viva a memória de Geovanna, canalizar a dor e se reinventar a cada passo.

O acidente que interrompeu sua jornada

A trajetória de Danielle foi interrompida de forma brutal. Na manhã do sábado, ela treinava na MS-010 acompanhada de uma amiga, quando foi atingida por um veículo conduzido por João Vítor Fonseca Vilela, de 22 anos.

Segundo informações preliminares da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS), o jovem dirigia em estado de embriaguez visível e tentou realizar uma ultrapassagem, quando acabou atingindo as duas corredoras. Enquanto Danielle não resistiu aos ferimentos, a outra mulher sofreu escoriações e precisou de atendimento médico.

O estudante de medicina foi preso em flagrante no local. O caso gerou revolta, especialmente entre atletas que utilizam as rodovias para treinos e que frequentemente denunciam a imprudência de motoristas.

Repercussão e pedidos de justiça

A notícia da morte de Danielle abalou a comunidade esportiva e gerou grande comoção nas redes sociais. Amigos, familiares e corredores se manifestaram com homenagens emocionantes, exaltando sua força e resiliência.

Além disso, o caso reacendeu debates sobre segurança no trânsito e a irresponsabilidade de motoristas que dirigem sob efeito de álcool. Muitos atletas e grupos de corrida organizaram homenagens e mobilizações para cobrar justiça, além de reforçar a necessidade de mais proteção para quem pratica esportes ao ar livre.

A dor da perda de Danielle ecoa como um alerta sobre os perigos da imprudência no trânsito. Para aqueles que a conheceram, ela será lembrada não apenas como uma corredora talentosa, mas como uma mulher que encontrou no esporte uma forma de superar a maior dor de sua vida e transformar sua história em inspiração.