Mudanças Climáticas e a Necessidade de Resiliência nas Empresas: O Caso do Brasil
Nos últimos anos, o planeta tem enfrentado uma série de eventos climáticos extremos que deixaram de ser apenas previsões alarmantes e se tornaram parte da nossa realidade diária. Enchentes devastadoras, secas prolongadas, ondas de calor intensas e ventos fortes que paralisam cidades inteiras são exemplos de como a natureza está respondendo às mudanças climáticas. No Brasil, um país vasto e com uma diversidade climática impressionante, os efeitos dessas alterações têm sido sentidos de forma aguda. Em 2024, o Brasil registrou temperaturas recordes e sofreu desastres naturais que impactaram milhões de pessoas, causando prejuízos de bilhões de reais na infraestrutura de cidades, estradas e aeroportos.
Essa situação alarmante não é apenas uma preocupação ambiental; é uma questão que afeta diretamente o cenário econômico e social do país. Assim, um número crescente de empresas está começando a adotar a resiliência climática como parte fundamental de suas estratégias de negócios. Mas o que é exatamente resiliência climática? Em termos simples, é a capacidade de uma organização de antecipar, resistir, adaptar-se e recuperar-se dos impactos das mudanças climáticas. Essa abordagem não apenas garante a continuidade das operações, mas também protege a segurança de colaboradores e clientes.
Os Custos da Inação
Adotar uma postura proativa em relação às mudanças climáticas não é apenas uma questão de responsabilidade ambiental; é uma decisão de negócio inteligente. A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que os custos de não agir frente à crise climática podem ser de seis a dez vezes maiores do que os investimentos necessários para mitigar seus impactos. Isso significa que investir em resiliência climática pode resultar em economias significativas no longo prazo.
Uma pesquisa recente do WRI (World Resources Institute) revelou que para cada dólar investido em adaptação, mais de US$ 10,50 em benefícios podem ser gerados ao longo de uma década. Isso é um dado impressionante que mostra como a adaptação pode ser financeiramente vantajosa. Além disso, um estudo da consultoria McKinsey estima que, até 2050, os investimentos globais em adaptação climática da infraestrutura podem oscilar entre US$ 150 bilhões e US$ 450 bilhões por ano.
Desafios para Países em Desenvolvimento
O Global Climate Risk Index, publicado anualmente pela ONG alemã Germanwatch, aponta que as regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas são, em grande parte, países em desenvolvimento, que frequentemente possuem infraestrutura frágil e baixa capacidade de adaptação. Isso é particularmente evidente na América Latina, Caribe, Sudeste Asiático, África e ilhas do Pacífico. Esses locais estão expostos a eventos climáticos extremos, como ciclones, inundações e secas, e muitas vezes não têm recursos suficientes para se recuperar adequadamente.
Marco Aurélio de Barcelos Silva, diretor presidente da ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), enfatiza que a sustentabilidade deixou de ser uma opção e se tornou uma necessidade. As mudanças climáticas têm trazido prejuízos significativos, não apenas para a população, mas também para os negócios. A infraestrutura é uma área crítica, pois desastres naturais podem impactar diretamente investimentos e serviços públicos.
Pioneirismo em Resiliência Climática
Felizmente, há empresas que estão se destacando ao integrar a resiliência climática em suas operações. A Motiva, antiga CCR, é um exemplo notável. A companhia se posicionou na vanguarda do setor de infraestrutura de mobilidade no Brasil, implementando em 2024 a primeira estratégia de resiliência climática que abrange 100% dos seus ativos, que incluem rodovias, mobilidade urbana e aeroportos. Pedro Sutter, vice-presidente de Sustentabilidade, Riscos e Compliance da Motiva, afirma que essa iniciativa é sem precedentes e fortalece a capacidade da empresa de operar em um contexto de riscos climáticos.
Além disso, a Motiva estabeleceu a Ambição 2035, um plano abrangente que visa liderar a agenda ESG (ambiental, social e de governança) no setor até 2035, com compromissos como neutralização de emissões e uso exclusivo de energia renovável.
Um Exemplo a Ser Seguido
Ronei Glanzmann, CEO da MoveInfra, ressalta a importância das iniciativas da Motiva, como o Estudo de Coalizão dos Transportes, que, em parceria com outras organizações, mapeia alavancas para a descarbonização do setor de transporte no Brasil. O comprometimento das empresas com a sustentabilidade é crucial para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.
Por fim, é claro que a adaptação às mudanças climáticas é mais do que uma questão de sobrevivência; é uma oportunidade de inovar e crescer. As empresas que se antecipam e se adaptam a essa nova realidade não apenas protegem seus negócios, mas também contribuem para um futuro mais sustentável para todos nós. Então, se você está em uma posição de decisão dentro de uma organização, considere a resiliência climática não apenas como uma parte de sua estratégia, mas como uma prioridade que pode moldar o futuro de sua empresa e do planeta.