No dia 23 de outubro de 2023, a cidade do Rio de Janeiro se viu mergulhada em um cenário de caos e violência, desencadeado pela trágica morte de Matheus da Silva Rezende, sobrinho do miliciano Luís Antônio da Silva Braga, conhecido como “Zinho”. Os eventos subsequentes a esse trágico episódio, que envolvem incêndios de ônibus e uma série de atos violentos, requerem uma análise detalhada e minuciosa para compreender a complexidade das questões de segurança pública no Rio de Janeiro.
Matheus, também conhecido como “Teteu” e “Faustão”, perdeu a vida em um confronto com policiais civis na comunidade Três Pontes, localizada na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo informações fornecidas pela polícia, ele ocupava uma posição de destaque na hierarquia da milícia local, o que tornou sua morte um evento de grande repercussão. Os desdobramentos que se seguiram a essa tragédia lançaram o Rio de Janeiro em uma espiral de violência e caos.
A repercussão imediata da morte de Matheus se manifestou na forma de incêndios em ônibus. Até o momento, foram registrados pelo menos 36 ônibus incendiados na zona oeste da cidade. Além disso, houve relatos de outros veículos sendo alvo de incêndios criminosos, bem como vias sendo interditadas. Essa onda de violência teve um impacto significativo na vida cotidiana dos cariocas, afetando a mobilidade e a segurança.
A Prefeitura do Rio de Janeiro foi obrigada a declarar o “estágio de mobilização”, que representa o segundo nível em uma escala de cinco para avaliar a gravidade das ocorrências na cidade. Isso significa que a situação era considerada de alto impacto e exigia uma resposta rápida das autoridades municipais. Os bairros que foram mais diretamente afetados por esses episódios de violência incluem Guaratiba, Inhoaíba, Paciência, Cosmos, Santa Cruz e Magarça.
A empresa pública MobiRio, responsável pela operação do sistema de transporte BRT, também sofreu os impactos da violência. Algumas linhas de ônibus foram fortemente afetadas, operando com restrições devido aos incidentes. O fogo foi ateado em um BRT da nova frota, embora tenha sido controlado antes de causar danos irreparáveis. Isso causou transtornos consideráveis na circulação de ônibus e na rotina dos cidadãos.
Além dos ônibus, outros tipos de veículos também foram alvo de incêndios criminosos em várias partes da cidade. Caminhões e carros foram queimados, agravando ainda mais a situação caótica. Algumas das áreas afetadas por esses atos de violência incluem a Avenida Brasil, a Estrada de Manguariba, a Avenida Cesário de Melo e muitas outras.
Essa onda de violência desencadeada pela morte de Matheus Rezende não pode ser vista isoladamente. Ela está intrinsecamente relacionada a acusações de envolvimento do sobrinho de Zinho no assassinato do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, conhecido como Jerominho, e seu cunhado Maurício Raul Attalah, em agosto de 2022. As mortes dessas figuras públicas teriam sido motivadas por uma suposta tentativa de Jerominho de retomar o controle da milícia que atua na zona oeste do Rio de Janeiro.
É importante ressaltar que a atuação das milícias é um problema persistente e grave no Rio de Janeiro. Esses grupos paramilitares exercem controle sobre territórios inteiros, impondo seu domínio de forma violenta e arbitrária. A morte de Matheus Rezende é apenas um exemplo das complexas questões de segurança pública enfrentadas pela cidade, onde a presença das milícias é uma ameaça constante à ordem e à paz.
A violência que se desdobrou após a morte de Matheus Rezende destaca a necessidade urgente de abordar as raízes desse problema. Isso inclui uma ação mais eficaz por parte das autoridades para desmantelar as milícias, bem como iniciativas de prevenção e combate ao crime que abordem as causas subjacentes da violência nas comunidades do Rio de Janeiro.
É fundamental que a sociedade civil, líderes comunitários e todos os setores da sociedade se unam para enfrentar esse desafio complexo e construir um futuro mais seguro e estável para a cidade. A violência não pode ser a resposta a problemas complexos, e é crucial que se busquem soluções mais duradouras e eficazes para a segurança pública no Rio de Janeiro.
A morte de Matheus Rezende e os eventos subsequentes de violência e incêndios de ônibus no Rio de Janeiro destacam a urgência de abordar as questões de segurança pública e a presença das milícias na cidade. Essa tragédia é um lembrete doloroso de que é preciso agir de maneira eficaz para combater o crime organizado e promover um ambiente seguro e pacífico para todos os habitantes do Rio de Janeiro.