Suspeito teria obsessão por Vitória e acompanhava passos dela há 1 ano

A investigação sobre a morte de Vitória Regina de Souza, de 17 anos, em Cajamar, na Grande São Paulo, ganhou novos desdobramentos após a perícia realizada no celular de Maicol Sales dos Santos, principal suspeito do crime. De acordo com a análise dos dados do aparelho, Maicol vinha monitorando a jovem há pelo menos um ano, indicando uma possível obsessão por ela. A polícia agora trabalha com a hipótese de que ele tenha agido sozinho no sequestro e assassinato da adolescente.

As informações foram reveladas pelo programa Fantástico, da TV Globo, na noite do último domingo (16). O jornalístico teve acesso ao laudo da perícia, que detalha a cronologia dos acontecimentos no dia do crime. Segundo os documentos, Maicol viu uma publicação de Vitória em um ponto de ônibus às 0h06 do dia 27 de fevereiro. Cerca de 20 minutos depois, a jovem desceu do coletivo em Cajamar. A partir desse momento, os investigadores acreditam que ele pode ter seguido a vítima e a interceptado antes que ela chegasse em casa.

Outro ponto importante da perícia foi a descoberta de uma coleção de fotos da adolescente armazenadas no celular do suspeito. Além disso, foram encontradas imagens de uma faca e de um revólver, que, segundo a polícia, podem ter sido utilizados por Maicol para ameaçar Vitória e forçá-la a entrar no veículo dele sem chamar atenção. Esses elementos reforçam a tese de que o crime pode ter sido premeditado.

A nova linha de investigação sugere que Maicol não apenas conhecia Vitória, mas também a observava de maneira obsessiva, o que levanta a possibilidade de que ele seja um stalker—um perseguidor compulsivo. Especialistas apontam que esse tipo de comportamento pode evoluir para crimes mais graves, como sequestro e homicídio, principalmente quando o agressor se sente rejeitado ou frustrado por não conseguir contato com a vítima.

A polícia agora busca entender se Maicol teve algum tipo de aproximação anterior com Vitória ou se o interesse dele surgiu de forma unilateral e doentia. Amigos e familiares da jovem estão sendo ouvidos para tentar esclarecer se ela chegou a comentar algo sobre o suspeito antes do crime.

O caso de Vitória reacende o debate sobre a necessidade de leis mais rígidas contra perseguição e violência contra mulheres. Desde 2021, o Brasil tem a Lei do Stalking (14.132/21), que criminaliza esse tipo de conduta e prevê pena de até dois anos de prisão. No entanto, especialistas alertam que muitas vítimas ainda têm dificuldade em identificar e denunciar esse comportamento a tempo de evitar tragédias.

Além do impacto na investigação, a descoberta do material no celular de Maicol gerou revolta nas redes sociais. Internautas questionam como alguém pode desenvolver uma obsessão tão perigosa sem que sinais claros sejam percebidos pelas pessoas ao redor. Muitos usuários também cobram punição exemplar para o suspeito, destacando a necessidade de mais proteção para mulheres que sofrem perseguições e ameaças.

A comunidade de Cajamar segue abalada com o crime brutal. Amigos, professores e vizinhos de Vitória prestaram homenagens à jovem, que era descrita como alegre, dedicada aos estudos e cheia de sonhos. O caso continua sob investigação, e a polícia deve divulgar novos detalhes conforme avançam as análises periciais e os depoimentos das testemunhas.