Trump ordena que novo censo nos EUA exclua imigrantes irregulares

A Nova Proposta de Censo de Trump: Implicações e Controvérsias

Na última quinta-feira, em uma postagem que chamou a atenção, o ex-presidente Donald Trump revelou sua intenção de reexaminar o censo dos Estados Unidos. Através de suas redes sociais, ele instruiu o Departamento de Comércio a iniciar um novo censo, que, segundo ele, deve excluir imigrantes irregulares da contagem populacional. Essa proposta, que parece inovadora em muitos aspectos, levanta uma série de questões sobre a prática censitária tradicional que, até então, incluía todos os residentes, independentemente de seu status migratório.

Trump afirmou que o novo censo seria “altamente preciso” e se basearia em dados atuais, inclusive em informações obtidas durante a Eleição Presidencial de 2024. É interessante notar que, enquanto ele defende essa mudança, a Constituição dos EUA exige a realização de um censo a cada dez anos, com o objetivo de garantir que todos os residentes sejam contabilizados. A 14ª Emenda, em particular, destaca que deve ser feita uma contagem do “número total de pessoas em cada estado”, o que traz à tona a complexidade da proposta de Trump, que pode impactar diretamente a representação no Congresso.

Implicações Políticas

A proposta de um novo censo não surge do nada; ela está inserida em um contexto político mais amplo. A atual administração tem pressionado estados liderados por republicanos a redesenhar os mapas do Congresso para fortalecer sua própria posição nas próximas eleições de meio de mandato, que ocorrerão em 2026. Com isso, um novo censo poderia potencialmente transferir cadeiras na Câmara de representantes de estados democratas para republicanos, dependendo das mudanças na população.

Contudo, a questão que persiste é: Trump realmente tem a autoridade para ordenar um novo censo? De acordo com especialistas, como Jeffrey Wice, professor da Faculdade de Direito de Nova York, a resposta é não. Ele explicou que, embora o Congresso pudesse aprovar um novo censo, isso seguramente desencadearia uma série de disputas judiciais. Além disso, a coleta de dados necessária para um censo desse tipo seria um desafio significativo, exigindo informações muito mais detalhadas do que aquelas coletadas habitualmente pelo Census Bureau.

O Censo da Década de 2030

Vale lembrar que o planejamento para o censo de 2030 já começou em 2019, com testes programados para serem realizados em 2026 e 2028. A complexidade de realizar um novo censo antes disso levanta questões sobre a viabilidade e a logística dessa tarefa. Wice mencionou que o censo decenal é um dos maiores empreendimentos do governo federal, superado apenas pelas operações das Forças Armadas em tempos de guerra.

Histórico e Críticas

O censo de 2020 já foi alvo de controvérsias, especialmente quando Trump tentou incluir uma pergunta sobre cidadania, algo que foi barrado pela Suprema Corte. Críticos argumentaram que essa inclusão poderia levar a uma subcontagem de minorias e até mesmo de cidadãos legalmente estabelecidos nos EUA. Essa situação gerou desconfiança em relação ao governo e levantou questões sobre a integridade dos dados coletados.

A Reação Atual e as Possíveis Consequências

Recentemente, outros republicanos também expressaram apoio a uma atualização do censo, como a deputada Marjorie Taylor Greene, que apresentou um projeto de lei visando realizar um novo censo que incluísse apenas cidadãos. O governador da Flórida, Ron DeSantis, também comentou sobre a necessidade de revisar a contagem e sugeriu que a Flórida merecia mais cadeiras no Congresso com base em sua crescente população.

Essas discussões destacam o clima político polarizado em que estamos vivendo, onde a manipulação de dados censitários pode ter um impacto profundo nas representações políticas. A proposta de Trump, embora controversa, pode gerar um debate significativo sobre a inclusão e a representação nas esferas política e social. É crucial que a sociedade esteja atenta a essas mudanças e suas implicações, pois elas podem moldar o futuro da política americana.

Em conclusão, a proposta de um novo censo por Donald Trump é um tema complexo, que envolve questões legais, políticas e éticas. As repercussões dessa ação podem se estender muito além do ato de contagem, afetando a forma como os cidadãos são representados e como os recursos são distribuídos em todo o país. O diálogo sobre o censo e a inclusão de todos os residentes, independentemente de seu status migratório, é vital para garantir uma democracia saudável e representativa.