Com uns pontos na cabeça e o olho esquerdo todo inchado e desfigurado, o Osvaldo de Souza, que é vendedor ambulante e tem 41 anos, foi parar na delegacia nesta quinta-feira, 7 de novembro, pra dar depoimento sobre a agressão que levou perto do tal Espaço Unimed, uma casa de shows lá na zona oeste de São Paulo.
O Osvaldo já tá vendendo por ali há uns três anos. Ele conta que tudo começou quando ele foi agredido por um segurança na cabeça, levando golpes de soco inglês e até com umas pedras. O cara que fez isso, segundo ele, foi o Adenilson Lima dos Santos, que não é ninguém menos que o filho do ex-pugilista Maguila, lembra dele? Pois é. Pra você ver o tipo de gente envolvida…
Aí o Osvaldo explicou que tudo rolou porque um tal de “Carioca”, que parece ser meio chefe ali de um grupo de seguranças informais da casa de shows, já chegou esculachando ele, todo truculento, mandando tirar o carrinho de bebidas dele do local. Tipo assim, “o cara chegou já com o pé na porta”, como dizem.
Nas palavras do Osvaldo: “Ele chegou com toda truculência, mandando eu tirar o carrinho de lá, falando que eu era folgado. Começou a gritar comigo e disse: ‘abre a boca para ver se eu não te arrebento’”. Imagina ouvir isso, né? Pra um trabalhador que tá ali todo dia ralando pra tirar o ganha-pão.
O Osvaldo ainda disse que tentou se desculpar, acalmando o segurança, mas foi aí que o Adenilson apareceu e partiu pra cima dele, sem dó nem piedade. E ele desabafou: “É hostil. Porque olha como eu tô configurado aqui. Parecendo que eu fui um estuprador, um marginal, que eu cometi algum crime grave”. Dá pra sentir a indignação do cara só nas palavras.
E o negócio não para aí, porque o Osvaldo ainda afirmou que tanto o Carioca quanto o Adenilson trabalham pro Espaço Unimed. “Eles são seguranças da casa. A casa [Unimed] falou que não, mas trabalham sim. Foi a mando da casa”, afirmou ele, sem papas na língua.
Agora, em contrapartida, a assessoria do tal Espaço Unimed soltou um comunicado dizendo que a briga aconteceu do lado de fora da casa e que os caras envolvidos na agressão não são funcionários de lá. E ainda fizeram questão de dizer que “reprovam veementemente qualquer forma de violência”. Tá, mas aí fica a pergunta: se os caras não são deles, quem é que contrata essa segurança “informal”? Porque o público não vai ficar sabendo essas minúcias, mas fica sempre essa dúvida no ar…
O jornal Metrópoles tá tentando contato com o Adenilson pra ver o lado dele, mas até agora não conseguiram falar com o cara. E, claro, né, a história não pega nada bem, ainda mais envolvendo o filho de um ex-pugilista famoso. Fica aquela impressão de que o pessoal se acha meio dono do pedaço e age como quer, especialmente com os ambulantes, que são trabalhadores que já tão ali numa situação difícil.
Pra muita gente que frequenta esses lugares, vê um trabalhador sendo tratado assim é revoltante. Esse caso do Osvaldo lembra que o dia a dia desses ambulantes não é fácil; além de ter que ralar pra vender, ainda tem que lidar com violência e ameaças de quem devia estar cuidando da segurança do local, e não intimidando trabalhador.
É isso aí, mais um episódio que escancara o quanto o trabalhador muitas vezes fica à mercê de “autoridades” que se acham acima de tudo e todos. Vamos ver como isso vai desenrolar agora.